Por Claudia Toni*
As práticas musicais são atividades dinâmicas e colaborativas. Elas
incluem a performance, a composição, o ensino, o ouvir, o falar a
respeito, o produzir e viver a música, pois ela só ocorre se todos os
envolvidos atuarem de alguma forma. Da “comedoria” ao camarim, após o
concerto, todos “musicaram” em alguma medida.
A música de câmara é o exemplo mais vivo de como a colaboração permite
que se atinja a excelência na sua criação e interpretação. Em razão
disso, ela norteia o Festival Sesc de Música de Câmara 2018. Busquei
formas de unir convidados estrangeiros a músicos brasileiros, de
incentivar instrumentistas de larga experiência a acolherem jovens
promissores, de permitir que compositores escrevessem novos trabalhos
para o Festival.
Assim, o francês Quatuor Zaïde tocará com o clarinetista brasileiro
Ovanir Buosi, o norte-americano Tesla Quartet com o pianista baiano
Ricardo Castro e o brasileiro Quarteto Camargo Guarnieri se juntará ao
acordeonista dinamarquês Andreas Borregaard. Mas há muito mais! O Berlin
Counterpoint, sexteto alemão que junta sopros e piano, fará a estreia
mundial de uma obra do brasileiro Leonardo Martinelli.
O Duo Contexto e o fagotista Fábio Cury, diretor do espetáculo “Sopro
Transcendente”, lideram dois programas diferentes que têm quase três
dezenas de jovens tocando repertórios inovadores, incluindo uma peça
especialmente encomendada à compositora brasileira Michelle Agnes.
O conjunto vocal britânico Tallis Scholars – estrela de projeção
internacional –, dirigido por Peter Phillps, faz um programa
extraordinário, no qual a música sacra da Renascença e de hoje é a
atração central.
Nosso elenco tem também o quarteto londrino Troupe que usa seu talento e
criatividade para fazer música de câmara dedicada à família, de olho na
formação de novos públicos. “O Mau Humor” é o tema do espetáculo
sofisticado e imaginoso que o conjunto fará em todas as sete Unidades do
Sesc que recebem o Festival. Mas as britânicas não estão sós: “Entre
Tambores, Baquetas e Chocalhos” é o espetáculo que quatro jovens
percussionistas brasileiros farão para o público jovem que ainda não
conhece mais de perto a riqueza dos instrumentos de percussão.
A colaboração maior e mais valiosa, da qual a música não pode
prescindir, é a do público. O que seria tocar para uma sala vazia? E
cantar num teatro deserto? Preparar-se, aprimorar-se, moldar uma
interpretação pressupõem que alguém fruirá e sairá da sala de concerto
modificado por aquilo que ouviu.
Venha e aproveite ao máximo esse elenco de excelentes artistas, extraindo deles aquilo que de melhor a música pode oferecer!
*Claudia Toni é idealizadora e curadora do Festival Sesc de Música de Câmara
uma das apresentações (Ionisation, de Edgar Varèse):
Duo Contexto & Convidados (BRA)
Duração: 60 minutos
Ingressos: R$ 30 |■ R$ 15 |● R$ 9 | 12 anos
29/11. Qui. 20h30 | Sesc Rio Preto
30/11. Sex. 21h | Sesc Bom Retiro
01/12. Sáb. 20h | Sesc Sorocaba
Os
percussionistas Ricardo Bologna e Eduardo Leandro formaram em 1989 o
Duo Contexto. Após conquistarem reconhecimento nacional, fizeram também
uma importante carreira internacional, em paralelo às suas atividades
individuais. Com a participação de 11 jovens percussionistas e do
pianista Horácio Gouveia, o Duo interpreta peças do século XX e XXI,
incluindo a célebre Ionisation, para 13 percussionistas.
https://www.sescsp.org.br/programacao/172604_FESTIVAL+SESC+DE+MUSICA+DE+CAMARA+2018#/content=programacao
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