Bertolt Brecht/Poemas 1913-1956/Paulo César de Souza/continua
OS TRABALHADORES DE MOSCOU
TOMAM POSSE DO GRANDE METRÔ
EM 27DE ABRIL DE 1935
Assim nos disseram: 80.000 trabalhadores
Construíram o metrô, muitos após o seu dia de trabalho
Frequentemente varando a noite. durante este ano
Viam-se sempre rapazes e garotas a sair das galerias
Sorridentes, mostrando orgulhosos as roupas de trabalho
Sujas de lama, molhadas de suor.
Todas as dificuldades –
Correntes subterrâneas, pressão dos edifícios
Massas de terra que cediam – foram vencidas. Na
ornamentação
Não se poupou esforço. O melhor mármore
Foi trazido de longe, as mais belas madeiras
Trabalhadas com apuro. Quase sem ruído
Corriam por fim os belos vagões
Pelas galerias claras como dia: para clientes exigentes
O melhor de tudo.
E quando o metrô estava construído, segundo o mais
perfeito figurino
E vieram os proprietários para visitá-lo e
Nele viajar, eis que eram os mesmos
Que o haviam construído.
Eram milhares que circulavam
Observando os grandes ambientes, e nos trens
Passavam massas de gente, os rostos –
Homens, mulheres e crianças, também velhos –
Voltados para as estações, radiantes como no teatro, pois as estações
Eram construídas de maneiras diferentes, de diferentes pedras
Em diferentes estilos, e também a luz
Tinha fontes diversas. Quem entrava nos vagões
Era empurrado para trás numa alegre confusão
Pois os lugares dianteiros eram os melhores
Para olhar as estações. Em cada estação
As crianças eram erguidas nos braços. Sempre que possível
Os passageiros irrompiam dos carros e observavam
Com olhos críticos e felizes o trabalho feito. Apalpavam as colunas
E avaliavam sua lisura. Com os sapatos
Sentiam o chão, a ver se as pedras
Estavam bem ajustadas. Refluindo de volta aos vagões
Examinavam o revestimento das paredes e tocavam
Nos vidros. Continuamente
Homens e mulheres – incertos de serem realmente
aqueles –
Apontavam lugares onde haviam trabalhado: a pedra
Tinha os vestígios de suas mãos. Cada rosto
Era bem visível, pois havia luz bastante
De muitas lâmpadas, mais do que em qualquer metrô que conheci.
Também as galerias eram iluminadas, não havia um metro de trabalho
Sem iluminação. E tudo aquilo
Fora construído em apenas um ano, e por tantos
construtores
Como nenhuma outra via férrea do mundo. E
Nenhuma outra via tivera tantos proprietários.
Pois esta maravilha de construção testemunhava
O que nenhuma das anteriores, em muitas cidades de muitas épocas
Havia testemunhado: os próprios construtores como senhores!
Onde jamais se vira isso, que os frutos do trabalho
Tocassem a quem havia trabalhado? Onde jamais
Não foram expulsos de uma construção
Os que a haviam erguido?
Ao vê-los viajar em seus carros
Obras de suas mãos, nós sabíamos:
Esta é a visão que certa vez
Abalou os Clássicos que a predisseram.
RAPIDEZ DA CONSTRUÇÃO DO SOCIALISMO
Um homem que em 1930 chegou de Nicolaievsk, no
rio Amur
Disse, perguntado em Moscou como estavam as coisas
por lá:
Como posso saber? Minha viagem
Durou seis semanas, e em seis semanas
Mudou tudo por lá.
[NVP sobre OS TRABALHADORES DE MOSCOU TOMAM POSSE DO GRANDE METRÔ EM 27 DE ABRIL DE 1935: as estações de metrô de Moscou (Москва) que eu gostei: as que ficam perto da Вхутемас e Государственная Академия - МАРХИ: Кузнецкий мост; Лубянка; e Трубная. Fora a homenagem à Maiakovski (Маяковский) — estação Mayakovskaya (Маяковская) —, com mosaicos no teto de Alexander Deyneka (Алекса́ндр Дейне́ка), que foi aluno da Вхутемас, onde desci para ouvir a primeira Sinfonia de Scriabin (Скрябин), onde comprei uma caixinha com CDs do Shostakovich (Шостакович) tocando as suas próprias obras.]
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Poesia Russa Moderna / traduções de Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Boris Schnaiderman; coleção Signos dirigida por Haroldo de Campos; supervisão editorial J.Guinsburg; assessoria editorial Plinio Martins Filho; capa e projeto gráfico Augusto de Campos, J.Guinsburg, Plinio Martins Filho, Sérgio Kon; revisão, colaboração, prefácio, resumos biográficos e notas de Boris Schnaiderman. —6.ed rev. e ampl.— São Paulo: Editora Perspectiva: 2001. — (Signos; 33)
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