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    28.6.25

    Bertolt Brecht/Poemas 1913-1956/Paulo César de Souza/continua

    BRECHT, Bertolt. 1898-1956. Poemas 1913-1956 / Bertolt Brecht (Eugen Bertholt Friedrich Brecht); seleção, tradução e comentário de Paulo César de Souza; texto de 2a e 3a capa Willi Bolle.  São Paulo: Editora 34, 2012.
    Dos Poemas de Svendborg 

    OS TRABALHADORES DE MOSCOU
    TOMAM POSSE DO GRANDE METRÔ
    EM 27DE ABRIL DE 1935

    Assim nos disseram: 80.000 trabalhadores
    Construíram o metrô, muitos após o seu dia de trabalho

    Frequentemente varando a noite. durante este ano
    Viam-se sempre rapazes e garotas a sair das galerias
    Sorridentes, mostrando orgulhosos as roupas de trabalho
    Sujas de lama, molhadas de suor.
    Todas as dificuldades –
    Correntes subterrâneas, pressão dos edifícios

    Massas de terra que cediam – foram vencidas. Na ornamentação
    Não se poupou esforço. O melhor mármore
    Foi trazido de longe, as mais belas madeiras
    Trabalhadas com apuro. Quase sem ruído
    Corriam por fim os belos vagões
    Pelas galerias claras como dia: para clientes exigentes
    O melhor de tudo.
    E quando o metrô estava construído, segundo o mais
    perfeito figurino
    E vieram os proprietários para visitá-lo e
    Nele viajar, eis que eram os mesmos
    Que o haviam construído.
    Eram milhares que circulavam
    Observando os grandes ambientes, e nos trens
    Passavam massas de gente, os rostos –
    Homens, mulheres e crianças, também velhos –

    Voltados para as estações, radiantes como no teatro, pois as estações
    Eram construídas de maneiras diferentes, de diferentes pedras
    Em diferentes estilos, e também a luz
    Tinha fontes diversas. Quem entrava nos vagões
    Era empurrado para trás numa alegre confusão
    Pois os lugares dianteiros eram os melhores
    Para olhar as estações. Em cada estação
    As crianças eram erguidas nos braços. Sempre que possível
    Os passageiros irrompiam dos carros e observavam

    Com olhos críticos e felizes o trabalho feito. Apalpavam as colunas
    E avaliavam sua lisura. Com os sapatos

    Sentiam o chão, a ver se as pedras
    Estavam bem ajustadas. Refluindo de volta aos vagões
    Examinavam o revestimento das paredes e tocavam
    Nos vidros. Continuamente
    Homens e mulheres – incertos de serem realmente
    aqueles –
    Apontavam lugares onde haviam trabalhado: a pedra

    Tinha os vestígios de suas mãos. Cada rosto
    Era bem visível, pois havia luz bastante
    De muitas lâmpadas, mais do que em qualquer metrô que conheci.
    Também as galerias eram iluminadas, não havia um metro de trabalho

    Sem iluminação. E tudo aquilo
    Fora construído em apenas um ano, e por tantos construtores
    Como nenhuma outra via férrea do mundo. E
    Nenhuma outra via tivera tantos proprietários.

    Pois esta maravilha de construção testemunhava
    O que nenhuma das anteriores, em muitas cidades de muitas épocas
    Havia testemunhado:
    os próprios construtores como senhores!
    Onde jamais se vira isso, que os frutos do trabalho
    Tocassem a quem havia trabalhado? Onde jamais
    Não foram expulsos de uma construção
    Os que a haviam erguido?

    Ao vê-los viajar em seus carros
    Obras de suas mãos, nós sabíamos:
    Esta é a visão que certa vez
    Abalou os Clássicos que a predisseram.

     
    RAPIDEZ DA CONSTRUÇÃO DO SOCIALISMO

    Um homem que em 1930 chegou de Nicolaievsk, no rio Amur
    Disse, perguntado em Moscou como estavam as coisas por lá:
    Como posso saber? Minha viagem
    Durou seis semanas, e em seis semanas
    Mudou tudo por lá.

    [NVP sobre OS TRABALHADORES DE MOSCOU TOMAM POSSE DO GRANDE METRÔ EM 27 DE ABRIL DE 1935: as estações de metrô de Moscou (Москва) que eu gostei: as que ficam perto da Вхутемас e Государственная Академия - МАРХИ: Кузнецкий мост; Лубянка; e Трубная. Fora a homenagem à Maiakovski (Маяковский estação Mayakovskaya (Маяковская) —, com mosaicos no teto de Alexander Deyneka (Алекса́ндр Дейне́ка), que foi aluno da Вхутемас, onde desci para ouvir a primeira Sinfonia de Scriabin  (Скрябин), onde comprei uma caixinha com CDs do Shostakovich (Шостакович) tocando as suas próprias obras.]

    конструктивизм. плакат советского авангарда. М.: издательство «Контакт-культура», 2019.

    KRUFT, Hanno-Walter. História da Teoria da Arquitetura / Hanno-Walter Kruft; tradução de Oliver Tolle. Geschichte der Architekturtheorie: Von der Antike bis zur Gegenwart. — São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2016. 

    MAIAKÓVSKI, Vladimir; Маяковский, Владимир (1893-1930). Mistério-Bufo / Мистерия-Буфф / um retrato heróico, épico e satírico da nossa época (1918) / Vladimir Maikóviski, Владимир Маяковский; tradução de Dmitri Beliaev; edição bilíngue. — São Paulo: Musa Editora, 2001. — (Musa, Teatro; 01)
    _________________. 
    МАЯКОВСКИЙ—РОДЧЕНКО—РЕКЛАМ—ОНСТРУКТОР. АРХИВ РОДЧЕНКО-СТЕПАНОВОЙ. — Москва: ИЗДАТЕЛЬСТВО “КОНТАКТ-КУЛЬТУРА”, 2018.
    _________________. 
    «ДЕТЯМ БУДУЩЕГО» МАЯКОВСКИЙ ДВА / КНИГИ 1920-х/1930-х годов. — М.: Арт Волхонка, 2018.
    _________________. Poemas
    traduções de Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Boris Schnaiderman;  capa e projeto gráfico Augusto de Campos; coleção Signos dirigida por Haroldo de Campos6.edição— São Paulo: Editora Perspectiva: 2002.  — (Signos; 10)

    Poesia Russa Moderna / traduções de Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Boris Schnaiderman; coleção Signos dirigida por Haroldo de Campos; supervisão editorial J.Guinsburg; assessoria editorial Plinio Martins Filho; capa e projeto gráfico Augusto de Campos,  J.Guinsburg, Plinio Martins Filho, Sérgio Kon; revisão, colaboração, prefácio, resumos biográficos e notas de Boris Schnaiderman. 6.ed rev. e ampl.— São Paulo: Editora Perspectiva: 2001.  — (Signos; 33)

    SCHNAIDERMAN, Boris (1917-2016). A poética de Maiakóvski, através da sua prosa / Boris Schnaiderman; revisão Boris Schnaiderman; produção Plinio Martins Filho; coleção debates dirigida por J.Guinsburg; 1971. — São Paulo: Editora Perspectiva: 1984.  — (Coleção Debates; 39)

    От ВХУТЕМАСа к МАРХИ, Vkhutemas, 1920-1936: архитектурные проекты из собрания Музея МАРХИ. Л. И. Иванова-Везн. — Москва: А-Фонд, 2005.
    _________________. 1918-2018
    Vkhutemas / O Futuro em Construção / Celso Lima e Neide Jallageas. — São Paulo: музей Мархи; Sesc Pompéia, 2018.

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