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    14.6.25

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    <fase tardia> 
    Pobres estrelas! Seu papel de esplendor não é senão um papel de sacrifício. Criadoras e servas da potência produtora dos planetas, elas mesmas não a possuem e devem resignar-se à carreira ingrata e monótona de tochas. Elas têm o brilho sem o prazer; atrás delas se escondem invisíveis, as realidades vivas. Essas rainhas-escravas são, entretanto, da mesma massa que suas felizes súditas... Agora chamas resplandecentes, elas serão um dia trevas e gelo e só poderão renascer para a vida como planetas, depois do choque que volatilizará o cortejo e sua rainha em nebulosa.” A. Blanqui, LEternité par les Astres, Paris, 1872, pp. 69-70. Cf. Goethe: “Euch bedaurich, unglückselge Sterne”20 (“Lamento por vós, estrelas desditosas”).
    [G 15, 1]
    “A sacristia, a Bolsa e o quartel, esses três antros associados para vomitar sobre as nações a noite, a miséria e a morte. Outubro de 1869.” Auguste Blanqui, Critique Sociale, vol. II, Paris, 1885, p. 351 (“Fragments et notes”).
    [G 15, 2]
    “Um rico morto é um abismo fechado.” Dos anos cinqüenta. A. Blanqui, Critique Sociale, vol. II, Paris, 1885, p. 315 (“Fragments et notes”).
    [G 15, 3]
    [...]
    Elementos inebriantes21 no romance policial, cujo mecanismo (que lembra o universo do comedor de haxixe) é assim descrito por Caillois: “Os caracteres do pensamento infantil, o artificialismo em primeiro lugar, regem esse universo estranhamente presente; nada se passa aí que não seja premeditado de longa data; nada responde às aparências; tudo está preparado para, no momento certo, ser utilizado pelo herói todo-poderoso, que é o senhor de tudo. Reconhecemos a Paris das publicações de Fantômas.” Roger Caillois, “Paris, mythe moderne”, Nouvelle Revue Française, XXV, n° 284, 1° de maio de 1937, p. 688.
    [G 15, 5]
    “Vejo diariamente passar sob minha janela um certo número de calmucos, osagianos, indianos, chineses e gregos antigos, todos mais ou menos parisianizados.” Charles Baudelaire, Œuvres, ed. org. por Y.-G. Le Dantec, Paris, 1932, vol. II, p. 99 (“Salon de 1846 — De l’idéal et du modèle”).22
    [G 15, 6]
    [...]
    As modas planetárias de Grandville são outras tantas paródias, desenhadas pela natureza, da história da humanidade. As arlequinadas de Grandville tornam-se baladas morais em Blanqui.
    [G 16, 4]
    [...]
    A indústria do entretenimento refina e multiplica as variedades do comportamento reativo das massas. Ela as prepara, assim, para serem adestradas pelo reclame. A ligação desta indústria com as exposições universais é, portanto, bem fundada.
    [G 16, 7]
    [...]
    20 Goethe, Gedenkausgabe, ed. org. por Ernst Beutler, vol. I, Sämtliche Gedichte, I, 2a ed., Zurique, 1961, p. 339 ("Nachtgedanken"). (R.T.)
    21 Cf. Baudelaire, que fala da embriaguez provocada pelo haxixe (Les Paradis Artificieis, in: Œuvres Completes, vol. I, p. 408). (J.L.)
    22 Baudelaire, OC II, p. 456. (J.L) 

    BENJAMIN, Walter (1892-1940). Passagens / Das Passagen-WerkWalter Benjamin; edição alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; colaboração na organização da edição brasileira Olgária Chain Féres Matos; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo; pósfácios Willie Bolle e Olgária Chain Féres Matos; introdução à edição alemã (1982) Rolf Tiedemann. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

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