• tacet: O Eternauta 1969 • Héctor Oesterheld e Alberto Breccia

    29.7.25

    O Eternauta 1969 • Héctor Oesterheld e Alberto Breccia

    Oesterheld, o mais importante para a revolução dos quadrinhos argentinos  que ficaram entre as grandes coisas do séc XX.

    As filhas e netos de Oesterheld foram sendo desparecidos e mortos pela ditadura. Depois foi a vez de Oesterheld, um dos muitos sumidos pela ditadura militar argentina. 

    Inspirado por A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, Héctor Germán Oesterheld publicou, entre 1957 e 1959, aquela que se tornaria uma das maiores obras-primas dos quadrinhos mundiais: O Eternauta. Originalmente ilustrada por Francisco Solano López, a obra narra a invasão de Buenos Aires por uma raça alienígena. Ao longo da trama, repleta de reviravoltas e personagens marcantes, o protagonista Juan Salvo resiste aos extraterrestres, viaja no tempo e, apesar de si mesmo, torna-se o legatário final de toda a humanidade.

    Descobri Solano López e Ricardo Barreiro no fim da primeira década deste século, em Buenos Aires ou Montevidéu — não lembro ao certo — o que me fez dar uma virada para os gigantes quadrinistas de lá; como o gigantesco Breccia, por exemplo (tenho obras do Alberto desde a Métal Hurlant até livro da Arnoldo Mondadori Editore). 

    Dez anos depois, em 1969, Oesterheld retorna ao seu magnum opus e, em parceria com o lendário artista uruguaio Alberto Breccia, reimagina sua criação em uma versão ainda mais ousada. Aqui, não apenas o enredo ganha contornos mais politizados, como a arte experimental e sombria de Breccia transforma O Eternauta em algo completamente novo: uma distopia carregada de simbolismo, tensão e crítica social.

    Nesse clássico dos quadrinhos mundiais, originalmente ilustrado por Francisco Solano López, acompanhamos a invasão de Buenos Aires por uma raça extraterrestre conhecida como "Eles". Ao longo da trama, repleta de reviravoltas e personagens incríveis, o protagonista Juan Salvo resiste a alienígenas, viaja no tempo e, apesar de si mesmo, se torna o legatário final de toda a humanidade. Dez anos depois, em 1969, à convite da revista Gente, Oesterheld se debruça novamente sobre seu magnum opus e nos oferece um remake abrangente. Os desenhos desta nova versão ficam a cargo do uruguaio Alberto Breccia, com quem Oesterheld havia colaborado em outras obras, como Mort Cinder e Sherlock Time. O autor não apenas muda a história em detalhes, dando a ela um tom político mais acentuado, como o estilo surreal de colagem de Alberto Breccia cria um mundo totalmente novo, mais sombrio e distópico. O Eternauta 1969 não é apenas uma grande obra de ficção científica, é um documento contemporâneo de alta tensão da esquerda argentina do final dos anos 1960, finalmente publicado no Brasil pela editora Comix Zone.

    Oesterheld foi militante dos Montoneros. Entrou na clandestinidade depois do sequestro e do assassinato de suas 4 filhas e da apropriação de dois de seus netos pelo governo, antes de ser sequestrado pelas forças-tarefa da ditadura. Ele foi torturado e assassinado. Seus restos mortais, assim como os de muitos outros desaparecidos daquele período negro, nunca foram encontrados.

    Publicada no Brasil pela primeira vez em 2019, O Eternauta 1969 venceu o Troféu HQMIX de Edição Especial Estrangeira. Agora, com a estreia de sua adaptação na Netflix, a obra retorna em uma edição especial, com novo projeto gráfico.

    Héctor Germán Oesterheld (H.G.Oesterheld) nasceu em Buenos Aires em 1919. Geólogo de formação, enveredou pela literatura desde a juventude. Escreveu inúmeros relatos breves de ficção científica e romances, e publicou em revistas como Misterix, Frontera e Hora Cero. Nesses títulos, surgiram obras importantes, como Sargento Kirk, Bull Rocket, Ernie Pike, Sherlock Time, Mort Cinder e a saga de ficção científica O Eternauta, feita em parceria com Francisco Solano López, que se tornaria a obra mais célebre da dupla e um clássico das HQs mundiais. Os primeiros trabalhos de Oesterheld, na década de 1950 e no início dos anos 1960, trazem críticas sutis ao capitalismo, ao colonialismo e ao imperialismo. À medida que a década avança, seu compromisso político se intensifica e sua ideologia se torna mais definida: em parceria com Alberto Breccia, produziu as biografias em quadrinhos de Che Guevara e Evita Perón, em 1968, além de uma segunda versão de O Eternauta, com mudanças no roteiro que deram um forte tom político à obra. Em 1977, foi sequestrado pelas Forças Armadas da ditadura, junto com suas quatro filhas (duas delas grávidas na época). Estima-se que o autor e sua família foram assassinados pelos militares em 1978, e seus corpos jamais foram encontrados. O legado de Oesterheld é amplo, e sua influência se estende a artistas de novas gerações e a diversos meios. É considerado um dos pais do quadrinho argentino moderno.

    Alberto Breccia nasceu em Montevidéu, Uruguai, em 1919, mas aos três anos se mudou com sua família para a Argentina. Iniciou sua carreira como quadrinista aos 19 anos, em uma revista de bairro chamada Acento. Seu trabalho começa a ser reconhecido a partir de Vito Nervio, publicado na revista Patoruzito, entre 1947 e 1959. No final da década de 1950, por intermédio de Hugo Pratt, conheceu o roteirista Héctor Germán Oesterheld, com que realizaria algumas de suas obras mais significativas, como Sherlock Time, Mort Cinder e uma nova versão de O Eternauta. Em 1973, com textos do poeta Norberto Buscaglia, realiza uma adaptação de Os Mitos de Cthulhu, de H. P. Lovecraft. Com o roteirista Carlos Trillo, colabora na realização de Um Tal Daneri, Viajante de Cinza, Buscavidas e diversas histórias curtas. Em 1983, começa a produção de Perramus, em parceria com Juan Sasturain. Além das adaptações de Edgar Allan Poe, em seus últimos anos adapta contos de escritores como Borges, García Márquez, entre outros. Informe Sobre Cegos, baseado no livro Sobre Heróis e Tumbas, de Ernesto Sabato, seria uma de suas últimas obras. Breccia é considerado hoje um dos artistas mais im­portantes da história dos quadrinhos, tendo recebido importantes prêmios ao longo de seus mais de 50 anos dedicados ao desenho, como o Yellow Kid no Salão de Lucca (Itália, 1977); o Grande Prêmio do Salão de Quadrinhos de Barcelona (Espanha, 1984); e o prêmio da Anistia Internacional, por Perramus (Bélgica, 1988). Faleceu em 1993, em Buenos Aires, aos 73 anos de idade.

     
    Capa dura
    Formato 21 x 28,5 cm
    64 páginas
    ISBN 9786501507729
    edição: Ferréz e Thiago Ferreira 

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