ficha técnica
Fagote/Basson: Fábio Cury
Cravo, Piano/Harpsichord, Piano: Alessandro Santoro
Produção musical/Producers: Alessandro Santoro, Fábio Cury e Thiago Cury
Técnico de Gravação/Recording: Raffaello Santoro
Masterização/Master: Homero Lotito – Reference Mastering
Produção executiva/Executive Producer: ÁguaForte Produções
Tradução/Translation: Sarah Hornsby
Projeto Gráfico/ Graphic Design: Paulo Vidal de Castro & Thais Vilanova
Tipos/Types: Minion & Neutra
Foto/Photo: Heloísa Bortz
Pinturas/Paintings: Claudio Santoro
Gravado no/Recorded at: Teatro da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto
Fagote/Basson: Püchner, Model Superior, 2015
Cravo/Harpsichord: Joop Klinkhamer, Amsterdam, 1978,
cópia de/ after I. Ruckers/Blanchet, 1627/1756
Piano: Steinway modelo D
agradecimentos/Thanks to:
usp Ribeirão Preto; Praça das Artes – Sala do Conservatório
27.10.16
3.9.16
Handel: Chacona em G – Duo Siqueira Lima
Em épocas em que votos não são válidos,
escutaremos o duo tocando Handel.
Escutei eles tocando em Montevideo (de Cecília Siqueira, de Mujica, de Galeano e de Benedetti) esta obra, que foi uma das escutas mais fortes e impressionantes.
Como quando eu ouvi o Quarteto Arditti tocando o 2o Quarteto de Ligeti e Beethoven, ou o Quarteto Parisii tocando Livre pour Quatuour de Boulez e o de Debussy, ou o Alban Berg tocando Beethoven (, pois é, adoro quartetos).
(já quando ouvi eles em uma pequena escola de alguma cidade do ABC – não lembro qual –, o recital não foi tão bom [pois não tocaram a chacona e estavam deveras resfriados]).
27.8.16
hoje: O Compositor é Vivo!
No segundo encontro da série, o compositor brasileiro Willy Corrêa de Oliveira, um dos articuladores do Grupo Música Nova e do Festival Música Nova, fala a respeito de seu processo criativo. Para ilustrar sua obra, será executada a peça Morandi Omaggi por sexteto instrumental formado por oboé, fagote, percussão, piano, violino e violoncelo. A obra, como o próprio nome diz, é uma homenagem ao pintor italiano Giorgio Morandi.
Willy é considerado um dos principais pensadores sobre o lugar da música erudita no país, e sua trajetória incluiu desde tendências neofolcloristas, visitas a laboratórios de música eletroacústica na Europa, Cursos de Férias de Darmstadt, na Alemanha, até atividades com grupos musicais de trabalhadores e sindicatos. Além disso, foi docente da disciplina Linguagem e Estruturação Musical, no departamento de Música da USP, onde influenciou diversos compositores e pensadores da área.
Retirada de ingressos 1h antes, limitada a 2 por pessoa, na Bilheteria.
27/08 18h30
Sesc Vila Mariana
Willy é considerado um dos principais pensadores sobre o lugar da música erudita no país, e sua trajetória incluiu desde tendências neofolcloristas, visitas a laboratórios de música eletroacústica na Europa, Cursos de Férias de Darmstadt, na Alemanha, até atividades com grupos musicais de trabalhadores e sindicatos. Além disso, foi docente da disciplina Linguagem e Estruturação Musical, no departamento de Música da USP, onde influenciou diversos compositores e pensadores da área.
Retirada de ingressos 1h antes, limitada a 2 por pessoa, na Bilheteria.
27/08 18h30
Sesc Vila Mariana
15.8.16
link para o arquivo de 5 advertências sobre a Voragem
Link para o arquivo do livro 5 advertências sobra a Voragem, com a capa, lombada e quarta capa inclusas
título: Cinco advertências sobre a Voragem
autor: Willy Corrêa de Oliveira
revisão: Alexandre Barbosa de Souza
projeto gráfico: Paulo Vidal de Castro & Thais Vilanova
colaboradores: André de Cillo Rodrigues, Lauren Couto Fernandes, Thiago Senna, João Daniel, Luis Felipe S. Corrêa, Carlos Zeron, Marcelo Martorelli Vessoni e Jorge de Almerida
editora: Luzes no Asfalto
tipos: Minion Pro & Meta
número de páginas: 224
crítica do João Marcos Coelho
links
Educar: para qual sociedade, de Giulio Girardi (Educare: per quale società?)
tradução: Alexandre Barbosa de Souza, Marcelo Martorelli Vessoni, Silvia Bazi & Willy Corrêa de Oliveira
revisão: Alexandre Barbosa de Souza
projeto gráfico: Paulo Vidal de Castro & Thais Vilanova
tipo: Aldus
formato: 14cm x 21 cm
no de páginas: 128
tiragem: 300
gráfica: Prol
papel: polen bold 90g
Entrevista com Marcus
Capa
A capa é construída com linhas brancas (como a luz) sobre a ausência de luz.
A sua estrutura é feita a partir de pontos separados em pequenos grupos. Cada um deles é um símbolo simples de instrumentos musicais, e cada pequeno grupo representa uma obra. Como são 12 obras no CD dividimos a sua seqüência visual – como a espacialização da violonista nas instruções das 12 peças que formam a obra Bouquet (a 12a na frente [baixo], a 9a atras [cima], etc).
Cada instrumento se conecta com a sua aparição nas outras obras, ou seja: cada violino se liga com todos os violinos; mas o violão – que aparece apenas duas vezes – só tem um traço ligando ambos.
Quartacapa
Na divisão entre o texto dos instrumentos tocados e do ano de composição de cada obra, fizemos uma quantidade de círculos coloridos que representam o timbre dos instrumentos (assim como ao lado de cada obra no encarte – para representar os timbres –, e do nome de cada instrumento).
CorPara cada instrumento escolhemos uma cor seguindo o espectro de divisão do branco (luz) – como o arco-íris. Cada padrão de cor representa uma série de timbres semelhantes dos instrumentos tocados no CD. O padrão timbrístico: cordas (do violino até o cravo – timbre indo para o percussivo); percussão (dos timbres mais claros aos mais complexos); instrumentos que vão entre teclas e sopros; e instrumentos de sopro (do metal à madeira). Do timbre puro de um lado (violino) ao timbre mais puro do outro (flauta).
Fundo branco, da luz completa. Olhando por dentro, cada instrumento está em sua cor. Já o CD é o oposto, sem a ligação dos instrumentos; apenas eles separados nas suas formações (com exceção da obra que o Marcus toca, que está ligada a ele).
No centro do CD, é visível a ligação dos instrumentos, pois, quando ele é retirado, ficam apenas os traços, sem os círculos dos instrumentos (que estão no CD).
Fonte/Rialto
Nas gravuras de Giovanni Battista Piranesi (que influenciaram Prigioneri di un sogno nelle Carceri di Piranesi) existe uma tipografia de versais. A partir desta influencia, utilizamos uma tipografia realizada em 1999 por um grande calígrafo veneziano (Giovanni de Faccio) e um tipógrafo austríaco (Lui Karner). O primeiro é de Veneza – como o Piranesi –, e esta tipografia de uma beleza impressionante foi realizada a partir da própria arquitetura de Veneza. Ela tem a estrutura semelhante a de Piranesi, mas com uma beleza mais complexa e com uma grande família tipográfica.
Roma
Como Piranesi fez estas gravuras em Roma, acabamos por utilizar todo um padrão de um grande admirador de Roma: Le Corbusier (mas não a Roma de Piranesi, mas a Roma de Michelangelo). Toda a distribuição das obras na capa do CD (a partir do Bouquet) foram distribuídas a partir de um padrão de duas séries de Fibonacci (Modulor), assim como a escala de tamanho do texto e o seu entrelinhamento.
Adenilson Telles ● trompete
Alex Buck ● bateria
Cassia Carrascoza ● flautas
Cláudio Torezan ● contrabaixo
Douglas Kier ● violoncelo
Edson Beltrami ● flauta
Elisa Monteiro ● viola
Felipe Scagliusi ● piano
Francisco Formiga ● fagote
Gabriel Levy ● acordeão
Gilson Antunes ● violão
Horácio Gouveia ● piano
Lliuba Klevtsova ● harpa
Marcos Kiehl ● flauta em sol
Marcus Alessi Bittencour (programação
pd + Live eletronics)
Marcus Siqueira ● conduítes ● violão
Maurício De Bonis ● cravo
Pedro Gadelha ● contrabaixo
Peter Apps ● oboé
Peter Pas ● viola
Ricardo Bologna ● percussão
Ruben Zuniga ● vibrafone ● crotales
Samuel Hamzem ● trompa
Sergio Burgani ● requinta ● clarineta ● clarinete
Simona Cavuoto ● violino
Thiago Cury ● escaleta
CD: Contraluz
de Marcus Siqueira
Selo Sesc
Água Forte
diagramação: Paulo Vidal de Castro & Thais Vilanova
encarte completo
30.7.16
23.7.16
O diabo na mesa dos fundos
Wesley Barbosa em seu primeiro livro, trazendo toda a inspiração do seus 25 anos de periferia.
Título: O diabo na mesa dos fundos
Autor: Wesley Barbosa
Editor: Ferréz
Projeto Gráfico: Paulo Vidal de Castro & Thais Vilanova
Formato: 14 x 21 cm
tipo: Caecilia
Editora: Selo Povo
volume 5 da coleção
ISBN: 978-85-62848-04-9
Título: O diabo na mesa dos fundos
Autor: Wesley Barbosa
Editor: Ferréz
Projeto Gráfico: Paulo Vidal de Castro & Thais Vilanova
Formato: 14 x 21 cm
tipo: Caecilia
Editora: Selo Povo
volume 5 da coleção
ISBN: 978-85-62848-04-9
21.5.16
Boris Schnaiderman (Борис Шнайдерман) — 17 de maio de 1917 — São Paulo, 18 de maio de 2016
Ele morava perto da minha casa e sempre eu o via, nunca falei com ele. Gostaria de ter conhecido-o.
11.4.16
16.3.16
Sobre o conceito da História
1936
Alemanha
"1936
Rio de Janeiro
Olga y él
A la cabeza de su ejército rebelde, Luis Carlos Prestes había atravesado a pie el inmenso Brasil de punta a punta, ida y vuelta desde las praderas del sur hasta los desierr tos del nordeste, a través de la selva amazónica. En tres años de marcha, la Columna Prestes había peleado contra la dictadura de los señores del café y del azúcar sin sufrir jamás una derrota. De modo que Olga Benárío lo imaginaba gigantesco y devastador. Menuda sorpresa se llevó cuando conoció al gran capitán. Prestes resultó ser un hombrecito frágil, que se ponía colorado cuando OIga lo m'rraba a los ojos. Ella, fogueada en las luchas revolucionarias en Alemania, militante. Sin fronteras, se vino al Brasil. Y él, que nunca había conocido mujer, fue por ella amado y fundado.Al tiempo, caen presos los dos. Se los Ilevan a cárceles diferentes.
Desde Alemania, Hitler reclama a Olga por. judía y comunista, sangre vil, viles ideas, y el presidente brasileño, Getulio Vargas, se la entrega. Cuando los soldados llegan a buscarla a la cárcel, se amotinan los presos. Olga acaba con la revuelta, para evitar una matanza inútii, y se deja llevar Asomado a la rejilla de su celda, el novelista Graciliano Ramos la ve pasar, esposada, panzona de embarazo.
En los muelles, la espera un navío que ostenta la cruz esvástica. El capitán tiene órdenes de no parar hasta Hamburgo. Allá Olga será encerrada en un campo de concentración, asfixiada en una cámara de gas, carbonizada en un horno.
(263, 302 y 364)"
1940
«ix
Há um quadro de Klee intitulado Angelus Novus. Representa um anjo que parece preparar-se para se afastar de qualquer coisa que olha fixamente. Tem os olhos esbugalhados, a boca escancarada e as asas abertas. O anjo da história deve ter este aspecto. Voltou o rosto para o passado. A cadeia de factos que aparece diante dos nossos olhos é para ele uma catástrofe sem fim, que incessantemente acumula ruínas sobre ruínas e lhas lança aos pés. Ele gostaria de parar para acordar os mortos e reconstituir, a partir dos seus fragmentos, aquilo que foi destruído. Mas do paraíso sopra um vendaval que se enrodilha nas suas asas, e que é tão forte que o anjo já as não consegue fechar. Este vendaval arrasta-o imparavelmente para o futuro, a que ele volta costas, enquanto o monte de ruínas à sua frente cresce até ao céu. Aquilo a que chamamos o progresso é este vendaval.»**
1964
Rio de Janeiro
«Hay nubes sombrías»,
dice Lincoln Gordon:—Nubes sombrías se ciernen sobre nuestros intereses económicos en Brasil…
El presidente João Goulart acaba de anunciar la reforma agraria, la nacionalización de las refinerías de petróleo y el fin de la evasión de capitales; y el embajador de los Estados Unidos, indignado, lo ataca a viva voz.
Desde la embajada, palabras de dinero caen sobre los envenenadores de la opinión pública y los militares que preparan el cuartelazo. Se difunde por todos los medios un manifiesto que pide a gritos el golpe de Estado. Hasta el Club de Leones estampa su firma al pie.
Diez años después del suicidio de Vargas, resuenan, multiplicados, los mismos clamores. Políticos y periodistas llaman al uniformado mesías capaz de poner orden en este caos. La televisión difunde películas que muestran muros de Berlín cortando en dos a las ciudades brasileñas. Diarios y radios exaltan las virtudes del capital privado, que convierte los desiertos en oasis, y los méritos de las fuerzas armadas, que evitan que los comunistas se roben el agua. La Marcha de la Familia con Dios por la Libertad pide piedad al Cielo, desde las avenidas de las principales ciudades.
El embajador Lincoln Gordon denuncia la conspiración comunista: el estanciero Goulart está traicionando a su clase a la hora de elegir entre los devoradores y los devorados, entre los opinadores y los opinados, entre la libertad del dinero y la libertad de la gente.
(115 y 141)"
13/032016
São Paulo
115. Corrêa, Marcos Sá, 1964 visto e comentado pela Casa Branca, Porto Alegre, LPM, 1977.
141. Dreifuss, René Armand, 1964: A conquista do Estado. Ação política, poder e golpe de classe, Petópolis, Vozes, 1981.
263. Lima, Louren,co Moreira, A coluna Prestes (marchas e combates), São Paulo, Alfa-Omega, 1979.
302. Morais, Fernando, Olga, São Paulo, Alfa-Omega, 1979.
364. Ramos, Graciliano, Memória do cárcere, Rio de Janeiro, José Olímpio, 1954.
**Benjamin, Walter. O anjo da história. Belo Horizonte, Autêntica, 2012.
Galeano, Eduardo. Memória del fuego (iii). El siglo del viento. Montevideo, Ediciones del Chanchoto, 1987.
*Wagner, Richard. Tannhäuser WWV 70. Leipzig: C.F. Peters, 1920.
27.1.16
19.1.16
3.1.16
Gilberto Ambrósio Garcia Mendes (Santos, 13 de outubro de 1922 - Santos, 1 de janeiro de 2016)
Foi-se uma mistura de Debussy, jazz/bossa nova (7ªs, 9ªs, etc), com algo de brega e um grande clima Santista: Gilberto Mendes.Entrevista que eu fiz com ele na época do 40º Festival Música Nova.
Já
ouvi o senhor falar que tentou acabar com o Festival várias vezes, mas
sempre te impedem e falam para continuar. Sempre cobraram muito do
senhor, e o senhor sempre diz ser um compositor e não um empresário. Mas
agora com o Lorenzo Mammì cuidando da parte administrativa, e o Luiz
Gustavo Petri, o senhor fica só na direção artística. Ainda pensa em
desistir?
Agora é como eu sempre desejei que tivesse sido, e aconteceu porque há dois, três anos, eu encerrei um deles, e até fico pensando que eu poderia ter encerrado há mais tempo porque assim apareceriam as pessoas interessadas (risos), como aconteceu agora. Eu me acostumei com a idéia de ter acabado o Festival, e não pretendia, realmente, fazer mais. Mas como é um espaço para músicos, há uma pressão grande para que continue. E o Lorenzo Mammì lá do Centro Maria Antônia, que é da USP (e eu também sou professor aposentado da USP, somos colegas), ele propôs fazer lá. Eu disse: –Tudo bem, mas vocês fazem. Eu não quero mais mexer nessas coisas, correr atrás de verba, nada disso. E eles se encarregariam disso, eu ficaria simplesmente como diretor de honra, diretor artístico. Opinar, dizer sim, não, está bem, está legal, dar o molde da coisa, mas sem precisar entrar em contato com o dinheiro. Mas em Santos acharam ruim, porque o pessoal de Santos e outras Sociedades aqui, Aplauso (que é uma associação da Orquestra Sinfônica Municipal, maestro Luiz Gustavo Petri), também quiseram fazer em Santos. Eu falei a mesma coisa, que tudo bem que eles fizessem, eu ficaria muito contente. Agora eles estão no terceiro ano.
No debate que ocorreu no auditório da Folha, o senhor estava comentando a falta de divulgação da música de nosso tempo e da música de alto repertório em geral. Falam que o povo não quer saber dessas coisas, e o senhor disse que a situação atual é, na verdade, responsabilidade das pessoas que cuidam disso, dos responsáveis que são ignorantes...
Não há a menor dúvida. Ninguém dá dinheiro para o Festival. Mas embora eu consiga geralmente verbas pequenas para ele, ele é super bem sucedido. A função dele não é ser um Festival como Campos do Jordão, esse tipo de coisa, é um Festival de compositores que se reuniram para mostrar a sua própria música e, posteriormente, conforme foi continuando, daqueles que aderiram à nossa linha de programa. Depois começam os contatos, primeiro latino-americano, depois mundial, internacional, virou um movimento realmente grande. Eu não queria ir atrás de bastante dinheiro. Eu não sou nem empresário e nem produtor. Na verdade eu preferiria um Festival de porte pequeno, mas que não desse trabalho. Se tivesse muito dinheiro na minha mão eu teria que alugar umas duas salas, ter secretárias e ficar trabalhando o tempo todo com a organização do Festival, mas não é o meu campo esse aí (risos), eu sou compositor.
E até perderia a liberdade do Festival...
E o caráter também não é esse.
O Festival sempre traz coisas interessantes, como nesta edição que tem o Dieter Schnebel e o Ensemble Orchestral Contemporain...
O Festival este ano é muito pequeno porque entrou muito pouco dinheiro. No ano passado, por exemplo, foi maior. Então muita coisa a gente cortou. É muito pequeno, com sete eventos no total. Mas está muito bom, não é?
Sim, está pequeno, mas está muito bom...
O Dieter Schnebel, que é uma das figuras maiores deste movimento da Neue Musik – Música Nova – aqui presente. Figura histórica, uma das maiores figuras da Música Nova, um dos maiores compositores da Alemanha, e a Alemanha foi a comandante deste movimento. Tem também o Ensemble Orchestral Contemporain que vai ser muito bom. Tem uma obra até do Pierre Boulez no meio...
Edgar Varèse...
Varèse também, e um compositor da nova geração que é muito interessante. Uma pianista inglesa muito curiosa também que vai tocar um programa com composições da Renascença, Bach, Ligeti...
E música pop também...
Pop, músicas dela mesma, muito interessante. E também uma flautista holandesa muito boa vai tocar com a Orquestra Sinfônica de Santos um concerto para flauta e orquestra que é do próprio marido dela, que é compositor também, ele é norte-americano, mas é radicado na Holanda. Além das presenças estrangeiras boas, grupos brasileiros também. Desta vez não deu para formar grupos de câmara – trios, quintetos, etc. Não é possível fazer milagres. A Orquestra de Câmara do departamento de música da Usp e a Banda Sinfônica têm muita música brasileira. O Festival sempre apresenta música brasileira...
E agora não tem mais a Sinfonia Cultura.
É, tivemos esta perda lamentável que se deve a esses fatos de que falava aqui. As pessoas que às vezes ocupam certos cargos de direção de TV e de rádio, elas levam para ali a sua ignorância. Acham: (fazendo outra voz) “Não! O povo não quer ouvir isso.” Mas não consultaram ninguém. É isso. Na verdade, eles é que não gostam. Porque o cara que gosta da alta cultura e que está em um cargo de direção artística, um cara que ama a alta cultura, aí ele vai repugnar essas coisas. Como agora a TV Cultura abaixou o nível da programação, não é?
Muito, e a Rádio também.
É, a Rádio e a TV. Para quê? Para atingir o grande público. E é inclusive burrice, porque não atinge. Quem ouve a Cultura não vai ver a televisão e ouvir, por causa dessa mudança, e vai perder o público que tinha. Quem gosta da alta cultura, não tem mais rádio, não liga mais para lá. Não existe com essa finalidade. A direção, eles é que não gostam. O que precisa, o fundamental de todo projeto cultural, mesmo educacional, o fundamento dessa mecânica é dar chance de escolha. Porque ficar com esse preconceito – porque isso é um preconceito, preconceito de ignorante: “Não! Esses caras não querem.” O cara que está dizendo isso. Eles não gostam e não toleram esse tipo de coisa. E não é nada disso, tem que mostrar tudo, para a pessoa optar. Eu, que peguei os anos antigos, tenho bastante idade e ouvi rádio nos anos 30 e tal, tinha uma opção incrível naquela época. Só na área popular, você ouvia grupos da Hungria, grupos da Tchecoslováquia, grupos dos Estados Unidos, música francesa, ouvia de tudo. Rádio é popular, ainda mais naquele tempo. Então eu fui formado pela melhor música, a mais variada possível. A geração de hoje não tem opção, você liga o rádio e é tudo rock. Só tem a música ruim e não a boa. Então não há mais a chance da opção. Opção é fundamental. Colocar tudo e é o público que deve decidir. Eles só mostram uma coisa. E a TV Cultura agora faz coisas como o programa da Silvia Poppovic (risos). Eles têm que perceber que deviam deixar essa vulgaridade para as outras...
Que fazem melhor isso...
Que fazem melhor, não é? E ninguém vai deixar de ver a outra para ver essa aí. Vai perder o público que já tinha para alguma concorrente.
O senhor já disse que compõe para poder escutar os grandes mestres. O Festival Música Nova acabou chegando em um ponto que estréia no Brasil muitas obras, tanto de compositores brasileiros quanto estrangeiros. O senhor não acha que com o Festival o senhor também acabou conseguindo pagar um tributo, tanto aos mestres quanto aos contemporâneos?
Essa frase que eu disse uma vez, na verdade eu escrevi [Uma Odisséia Musical, Edusp, 1994]. É que volta e meia perguntam para a gente: “Por que você compõe?” E a gente tem umas respostas meio padronizadas, nós, os compositores. Mas no fim eu pensei bem, e o porquê de eu compor é estar como que a merecer ouvir a grande música de Bach, Beethoven, Renascença, Idade Média, grandes contemporâneos... Merecer. Acho que tem que merecer ouvir essa gente. Não precisa se tornar um grande compositor. Grandes compositores são poucos no mundo, na história da humanidade. Eu quero apenas ser um compositor, aí eu me sinto como que no direito a poder ouvir. Uma vez eu li aquele escritor, um escritor russo, que escreveu o Doutor Jivago, Pasternak. Uma vez ele declarou que quando ele foi criança, ouviu Scriabin ou alguma coisa assim, e ele quis ser músico. Engraçado... E tentou, estudou, tal e tal, mas parece que não foi adiante, não tinha talento. E aí ele desistiu, se interessou pela literatura, e disse que nunca mais quis ouvir música... Engraçado. E ele gostava muito a ponto de querer ser compositor, ele queria ser músico. Pelo menos não sei se a vida toda, mas em um dado momento ele se desinteressou. Eu pensei bem – eu passei por uma fase um pouco assim, quando eu estudava música, ainda não era ninguém na música, na década de 40, eu às vezes pensava um pouco assim. Mas felizmente hoje eu posso ouvir música com muito prazer. Ruim ou não, eu me tornei um compositor.
Agora é como eu sempre desejei que tivesse sido, e aconteceu porque há dois, três anos, eu encerrei um deles, e até fico pensando que eu poderia ter encerrado há mais tempo porque assim apareceriam as pessoas interessadas (risos), como aconteceu agora. Eu me acostumei com a idéia de ter acabado o Festival, e não pretendia, realmente, fazer mais. Mas como é um espaço para músicos, há uma pressão grande para que continue. E o Lorenzo Mammì lá do Centro Maria Antônia, que é da USP (e eu também sou professor aposentado da USP, somos colegas), ele propôs fazer lá. Eu disse: –Tudo bem, mas vocês fazem. Eu não quero mais mexer nessas coisas, correr atrás de verba, nada disso. E eles se encarregariam disso, eu ficaria simplesmente como diretor de honra, diretor artístico. Opinar, dizer sim, não, está bem, está legal, dar o molde da coisa, mas sem precisar entrar em contato com o dinheiro. Mas em Santos acharam ruim, porque o pessoal de Santos e outras Sociedades aqui, Aplauso (que é uma associação da Orquestra Sinfônica Municipal, maestro Luiz Gustavo Petri), também quiseram fazer em Santos. Eu falei a mesma coisa, que tudo bem que eles fizessem, eu ficaria muito contente. Agora eles estão no terceiro ano.
No debate que ocorreu no auditório da Folha, o senhor estava comentando a falta de divulgação da música de nosso tempo e da música de alto repertório em geral. Falam que o povo não quer saber dessas coisas, e o senhor disse que a situação atual é, na verdade, responsabilidade das pessoas que cuidam disso, dos responsáveis que são ignorantes...
Não há a menor dúvida. Ninguém dá dinheiro para o Festival. Mas embora eu consiga geralmente verbas pequenas para ele, ele é super bem sucedido. A função dele não é ser um Festival como Campos do Jordão, esse tipo de coisa, é um Festival de compositores que se reuniram para mostrar a sua própria música e, posteriormente, conforme foi continuando, daqueles que aderiram à nossa linha de programa. Depois começam os contatos, primeiro latino-americano, depois mundial, internacional, virou um movimento realmente grande. Eu não queria ir atrás de bastante dinheiro. Eu não sou nem empresário e nem produtor. Na verdade eu preferiria um Festival de porte pequeno, mas que não desse trabalho. Se tivesse muito dinheiro na minha mão eu teria que alugar umas duas salas, ter secretárias e ficar trabalhando o tempo todo com a organização do Festival, mas não é o meu campo esse aí (risos), eu sou compositor.
E até perderia a liberdade do Festival...
E o caráter também não é esse.
O Festival sempre traz coisas interessantes, como nesta edição que tem o Dieter Schnebel e o Ensemble Orchestral Contemporain...
O Festival este ano é muito pequeno porque entrou muito pouco dinheiro. No ano passado, por exemplo, foi maior. Então muita coisa a gente cortou. É muito pequeno, com sete eventos no total. Mas está muito bom, não é?
Sim, está pequeno, mas está muito bom...
O Dieter Schnebel, que é uma das figuras maiores deste movimento da Neue Musik – Música Nova – aqui presente. Figura histórica, uma das maiores figuras da Música Nova, um dos maiores compositores da Alemanha, e a Alemanha foi a comandante deste movimento. Tem também o Ensemble Orchestral Contemporain que vai ser muito bom. Tem uma obra até do Pierre Boulez no meio...
Edgar Varèse...
Varèse também, e um compositor da nova geração que é muito interessante. Uma pianista inglesa muito curiosa também que vai tocar um programa com composições da Renascença, Bach, Ligeti...
E música pop também...
Pop, músicas dela mesma, muito interessante. E também uma flautista holandesa muito boa vai tocar com a Orquestra Sinfônica de Santos um concerto para flauta e orquestra que é do próprio marido dela, que é compositor também, ele é norte-americano, mas é radicado na Holanda. Além das presenças estrangeiras boas, grupos brasileiros também. Desta vez não deu para formar grupos de câmara – trios, quintetos, etc. Não é possível fazer milagres. A Orquestra de Câmara do departamento de música da Usp e a Banda Sinfônica têm muita música brasileira. O Festival sempre apresenta música brasileira...
E agora não tem mais a Sinfonia Cultura.
É, tivemos esta perda lamentável que se deve a esses fatos de que falava aqui. As pessoas que às vezes ocupam certos cargos de direção de TV e de rádio, elas levam para ali a sua ignorância. Acham: (fazendo outra voz) “Não! O povo não quer ouvir isso.” Mas não consultaram ninguém. É isso. Na verdade, eles é que não gostam. Porque o cara que gosta da alta cultura e que está em um cargo de direção artística, um cara que ama a alta cultura, aí ele vai repugnar essas coisas. Como agora a TV Cultura abaixou o nível da programação, não é?
Muito, e a Rádio também.
É, a Rádio e a TV. Para quê? Para atingir o grande público. E é inclusive burrice, porque não atinge. Quem ouve a Cultura não vai ver a televisão e ouvir, por causa dessa mudança, e vai perder o público que tinha. Quem gosta da alta cultura, não tem mais rádio, não liga mais para lá. Não existe com essa finalidade. A direção, eles é que não gostam. O que precisa, o fundamental de todo projeto cultural, mesmo educacional, o fundamento dessa mecânica é dar chance de escolha. Porque ficar com esse preconceito – porque isso é um preconceito, preconceito de ignorante: “Não! Esses caras não querem.” O cara que está dizendo isso. Eles não gostam e não toleram esse tipo de coisa. E não é nada disso, tem que mostrar tudo, para a pessoa optar. Eu, que peguei os anos antigos, tenho bastante idade e ouvi rádio nos anos 30 e tal, tinha uma opção incrível naquela época. Só na área popular, você ouvia grupos da Hungria, grupos da Tchecoslováquia, grupos dos Estados Unidos, música francesa, ouvia de tudo. Rádio é popular, ainda mais naquele tempo. Então eu fui formado pela melhor música, a mais variada possível. A geração de hoje não tem opção, você liga o rádio e é tudo rock. Só tem a música ruim e não a boa. Então não há mais a chance da opção. Opção é fundamental. Colocar tudo e é o público que deve decidir. Eles só mostram uma coisa. E a TV Cultura agora faz coisas como o programa da Silvia Poppovic (risos). Eles têm que perceber que deviam deixar essa vulgaridade para as outras...
Que fazem melhor isso...
Que fazem melhor, não é? E ninguém vai deixar de ver a outra para ver essa aí. Vai perder o público que já tinha para alguma concorrente.
O senhor já disse que compõe para poder escutar os grandes mestres. O Festival Música Nova acabou chegando em um ponto que estréia no Brasil muitas obras, tanto de compositores brasileiros quanto estrangeiros. O senhor não acha que com o Festival o senhor também acabou conseguindo pagar um tributo, tanto aos mestres quanto aos contemporâneos?
Essa frase que eu disse uma vez, na verdade eu escrevi [Uma Odisséia Musical, Edusp, 1994]. É que volta e meia perguntam para a gente: “Por que você compõe?” E a gente tem umas respostas meio padronizadas, nós, os compositores. Mas no fim eu pensei bem, e o porquê de eu compor é estar como que a merecer ouvir a grande música de Bach, Beethoven, Renascença, Idade Média, grandes contemporâneos... Merecer. Acho que tem que merecer ouvir essa gente. Não precisa se tornar um grande compositor. Grandes compositores são poucos no mundo, na história da humanidade. Eu quero apenas ser um compositor, aí eu me sinto como que no direito a poder ouvir. Uma vez eu li aquele escritor, um escritor russo, que escreveu o Doutor Jivago, Pasternak. Uma vez ele declarou que quando ele foi criança, ouviu Scriabin ou alguma coisa assim, e ele quis ser músico. Engraçado... E tentou, estudou, tal e tal, mas parece que não foi adiante, não tinha talento. E aí ele desistiu, se interessou pela literatura, e disse que nunca mais quis ouvir música... Engraçado. E ele gostava muito a ponto de querer ser compositor, ele queria ser músico. Pelo menos não sei se a vida toda, mas em um dado momento ele se desinteressou. Eu pensei bem – eu passei por uma fase um pouco assim, quando eu estudava música, ainda não era ninguém na música, na década de 40, eu às vezes pensava um pouco assim. Mas felizmente hoje eu posso ouvir música com muito prazer. Ruim ou não, eu me tornei um compositor.
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