• tacet: 09/2025

    30.9.25

    entra/neil gaiman/a paixão do arlequim/john bolton/entra

    GAIMAN, Neil (1960- ); BOLTON, John (1951- ). A paixão do ArlequimHarlequin Valentine / Neil Gaiman, John Bolton; textos de Gaiman sobre a obra e sobre Bolton; 2001; diretor editorial Rogério de Campos.  — São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2002.

    continua/TORÁ • A LEI DE MOISES • שמות/Êxodo/sai

     

    11

    Bo

    10. e não enviou os filhos de Israel de sua terra - A Torá nos relata a respeito dos últimos e terríveis golpes com que a dinastia egípcia de Ramsés II foi castigada antes de libertar o povo de Israel do jugo da escravidão. A sociologia moderna compara um povo inteiro a um indivíduo. O indivíduo que só pensa em si, que se torna egoísta, não respeitando a vida alheia, é capaz de causar as mais terríveis calamidades a si próprio. O mesmo acontece a um povo inteiro, quando só visa a seus próprios interesses, quando se deixa cegar por um chauvinismo extremo, a ponto de ameaçar a existência de seus vizinhos; este povo perde cedo ou tarde a sua cultura, o seu espírito, a sua raison dêtre. A autofilia e a egolatria conduzem este povo a um patriotismo fanático, a um egocentrismo fatal, e pouco a pouco o tormento da derrocada ameaça a sua existência física. Quatro mil anos antes da era comum, o Egito já tinha alcançado o auge da cultura e da civilização, mas sua posição privilegiada corrompeu este grande povo, e seu chauvinismo exorbitante foi a causa das suas desgraças e da sua decadência. E os nossos mestres perguntam admirados: como explicar o fato de que um povo tão culto, tão civilizado, tão avançado em todos os campos da ciência, tenha sido capaz de escravizar barbaramente durante dois séculos centenas de milhares de seres humanos? Os mesmos mestres que perguntam dão uma resposta bem plausível: todas as dinastias egípcias ficaram iludidas, sim, deslumbradas pela sua grandeza material, considerando-se uma casta superior da humanidade; e foi este complexo de superioridade que causou atrocidades a estes escravos, considerados seres inferiores. (MD)

    22

    Mishpatim

    20. não o fraudareis e não o oprimireis [...] Esta mensagem ainda não captada pela Humanidade como um todo, alerta sobre a opressão de que são vitimas as minorias desamparadas em todo o mundo, com a decretação de leis discriminatórias que ferem os direitos humanos básicos que deveriam reger toda a Humanidade. (E)

    TORÁ  A LEI DE MOISES. תורה. Edição revisada e ampliada da obra A Lei de Moisés e as Haftarót. Tradução, explicações e comentários do rabino Meir Matzliah Melahed z"l, com comentários de Sidur Matzliah e as Meguilot de Ester e Cântico dos Cânticos. Comentários do rabino Menahem Mendel Diesendruck z"l (da obra Sermões, Editora Perspectiva). Comentários compilados, redigidos e editados por Jairo Fridlin, com tradução das Cinco Meguilot, três delas comentadas por Rute, Echá e Cohélet, traduzidas por David Gorovits e Ruben Najmanovich, além de moderno texto hebraico da Torá, das Haftarót e Meguilot, acompanhado da tradução de Onkelos para o aramaico e dos comentários de Rashi, Baal Haturim, Toldot Aharon e Icar Siftê Chachamin. 1962, 1972, 2001. São Paulo: Editora e Livraria Sêfer LTDA, 2017.

    continua/benjamin/passagens/Das Passagen-Werk/continua

    O traço com que a modernidade se aparenta definitivamente e da maneira mais íntima à Antiguidade é seu caráter fugaz. A ressonância ininterrupta que as Fleurs du Mal encontraram até hoje vincula-se a um aspecto peculiar sob o qual a cidade grande apareceu pela primeira vez na poesia. E o aspecto menos esperado. Quando evoca Paris em seus versos, Baudelaire faz ressoar a decrepitude e a caducidade de uma cidade grande. Talvez seu mais perfeito exemplo esteja no “Crépuscule du matin” que é a reprodução, a partir dos materiais da cidade, do soluçar do homem prestes a despertar. Este aspecto, porém, é mais ou menos comum a todo o ciclo dos “Tableaux Parisiens”. Ele vem à tona, magicamente, na cidade translúcida, em um poema como “Le soleil”, assim como aparece também na evocação alegórica do Louvre em “Le cygne”.
    [J 57a, 3]
    Sobre a fisionomia de Baudelaire como a do mímico: Courbet relata que o poeta, todos os dias, tinha uma aparência diferente.
    [J 57a, 4]
    Entre os povos latinos, o refinamento sensorial não diminui a energia da apreensão sensível. Entre os alemães, o refinamento, a crescente cultura do prazer dos sentidos, é pago geralmente com uma perda na arte da apreensão; a aptidão ao prazer perde em consistência aquilo que ganha em sutileza. (Cf. “o cheiro dos tonéis” em “Le vin des chiffonniers” <OC I, p. 106>).
    [J 57a, 5]
    A extraordinária capacidade de sentir prazer de um Baudelaire é totalmente desprovida de aconchego na intimidade. Esta incompatibilidade fundamental entre o prazer sensível e o aconchego é o traço distintivo da verdadeira cultura dos senddos. O esnobismo de Baudelaire é a renúncia excêntrica ao aconchego, e seu “satanismo” é a resoluta disposição de perturbálo onde e quando ele vier a se instalar.
    [J 58, 1]
    Em Meryon, as mas parisienses são poças sobre as quais, bem acima, vagueiam as nuvens.
    [J 58, 2]
    Baudelaire queria criar espaço para seus poemas e por isso teve que deslocar outros. Depreciou certas liberdades poéticas dos românticos por meio do seu manejo clássico da rima e desvalorizou o alexandrino clássico por meio da inserção de irregularidades e pontos de ruptura. Em suma, seus poemas continham disposições específicas para eliminar poemas concorrentes.
    [J 58, 3]
    [...]
    De que adianta falar de progresso para um mundo tomado por uma rigidez cadavérica? Baudelaire encontrou a experiência de tal mundo, configurada com força incomparável, na obra de Poe. O que tornou Poe insubstituível para Baudelaire foi ele ter descrito um mundo no qual a poesia e o comportamento de Baudelaire encontraram sua razão de ser.
    [J 58, 6]
    [...]
    A poética da art pour lart insere-se sem solução de continuidade na paixão estética das Fleurs du Mal.
    [J 59, 6]
    A perda da auréola concerne em primeiro lugar ao poeta. Ele é obrigado a expor-se pessoalmente no mercado. Baudelaire empenhou-se nisso com toda energia. Sua célebre mitomania foi um artifício publicitário.

    [J 59, 7] 
    [...]
    A propósito da reflexão de Valéry sobre a situação de Baudelaire. É importante que Baudelaire tenha descoberto a relação de concorrência na produção poética. Naturalmente, as rivalidades entre poetas são antiquíssimas. Desde 1830, entretanto, essas rivalidades começaram a ser resolvidas no mercado. Era o mercado que precisava ser conquistado, e não mais a proteção da nobreza, dos príncipes ou do clero. Esta condição pesou mais para a poesia lírica do que para outras formas da poesia. A desorganização de estilos e escolas poéticas é o complemento do mercado que se abre ao poeta como “o público”. Baudelaire não se baseou em nenhum estilo e não se apoiou em nenhuma escola. Foi uma autêntica descoberta dele o fato de estar competindo com indivíduos.
    [J 59a, 2]
    As Fleurs du Mal podem ser consideradas um arsenal. Baudelaire escreveu certos poemas para destruir outros que tinham sido escritos antes dele.
    [J 59a, 3]
    Ninguém se sentiu tão pouco em casa, em Paris, como Baudelaire. Toda intimidade com as coisas é estranha à intenção alegórica. Tocar as coisas significa para ela: violentá-las. Reconhecêlas significa traspassá-las com o olhar. Onde ela reina, não é possível que se formem hábitos. Mal a coisa ou a situação é apreendida, logo é rejeitada pela intenção alegórica. Envelhecem mais rápido do que um novo corte para uma modista. Envelhecer, porém, significa tornarse estranho. O spleen coloca séculos entre o momento presente e aquele que acabou de ser vivido. É ele que, incansavelmente, fabrica a “antigüidade”. E, de fato, em Baudelaire, a modernidade nada mais é do que a "mais nova antigüidade. A modernidade não e, para ele, única ou principalmente o objeto de sua sensibilidade: é, antes, o objeto de uma conquista; ela tem como armadura o modo de visão alegórica.
    [J 59a, 4]
    A correspondência entre antigüidade e modernidade é a única concepção construtiva da história em Baudelaire. Por sua armadura rígida, excluiu toda concepção dialética.
    [J 59a, 5] 
    [...]
    Para a passagem “Onde tudo, mesmo o horror, torna-se encantamento” <OC I, p. 89> dificilmente pode-se encontrar uma exemplificação melhor do que o retrato da multidão em Poe.
    [J 60, 2] 
    [...]
    Em meados do século, modificaram-se as condições da produção artística. A modificação consistiu no fato de que, pela primeira vez, a forma da mercadoria impôs-se de maneira radical à obra de arte, e a forma da massa a seu público. A poesia lírica mostrou-se especialmente vulnerável a esta modificação, como ficou patente em nosso século. O caráter único das Fleurs du Mal advém de que Baudelaire respondeu a esta modificação com um livro de poemas. É o melhor exemplo de atitude heróica que se pode encontrar em sua vida.
    [J 60, 6]
    A atitude heróica de Baudelaire tem afinidade com a de Nietzsche. Mesmo que Baudelaire goste de mencionar o catolicismo, sua experiência histórica é aquela que Nietzsche condensou na frase: “Deus está morto.” Esta experiência, em Nietzsche, projeta-se cosmologicamente na tese: não advirá mais nada de novo. Em Nietzsche, a ênfase recai sobre o eterno retorno que o homem enfrenta com atitude heróica. Já para Baudelaire, trata-se sobretudo do “novo”, que deve ser extraído com esforço heróico do sempre igual.
    [J 60, 7]
    As experiências históricas que Baudelaire foi um dos primeiros a fazer  não por acaso ele pertence à geração de Marx, cuja obra principal foi publicada no ano de sua morte  expandiramse cada vez mais e de forma mais duradoura. Os traços ostentados pelo capital, em junho de 1848, gravaram-se desde então mais profundamente nos poderosos. E as dificuldades específicas de apropriar-se da poesia de Baudelaire são o reverso da facilidade de entregar-se a esta poesia. Em poucas palavras: nada ainda envelheceu nesta poesia. Isto determina o caráter da maioria dos livros que dela se ocuparam; trata-se de folhetins ampliados.
    [J 60a, 1] 
    [...]
    É de supor que a multidão, tal como aparece em Poe, com movimentos precipitados e intermitentes, seja descrita de maneira particularmente realista. Sua descrição contém uma verdade superior. Estes movimentos são menos os de pessoas que se ocupam de seus negócios d0 que os movimentos das máquinas por elas operadas. Poe parece ter modelado, premonitoriamente, a atitude e as reações das multidões ao ritmo das máquinas. De qualquer modo, o flâneur não compartilha este comportamento. Ao contrário, interrompe-o, e sua morosidade não seria senão um protesto inconsciente contra a velocidade do processo de produção. (Cf. D 2a, 1).
    [J 60a, 6]
    A neblina é o consolo do solitário. Ela preenche o abismo que o cerca.
    [J 60a, 7]
    A candidatura de Baudelaire à Academia foi uma experiência sociológica.
    [J 61, 1]

    Uma série de tipos desde o guarda nacional Mayeux, passando por Gavroche, até o Trapeiro, Vireloque e Ratapoil.
    45
    [J 61, 2]
    Nenhum contemporâneo compreendeu o modo de visão alegórica de Baudelaire, razão pela qual passou inteiramente despercebida.
    [J 61, 3]
    As proclamações surpreendentes e as maquinações, os ataques inesperados e a ironia rei fazem parte da razão de Estado do Segundo Império e foram traços característicos de Napoleão III. Encontram-se, igualmente, nos escritos teóricos de Baudelaire.
    [J 61, 4] 
    45 Mayeux e o Trapeiro (le Chiffonnier) são personagens criados pelo desenhista Charles Joseph Traviès de VilIers (1804-1859) (cf. Baudelaire, "Quelques Caricaturistes Français", OC II, p. 562), Thomas Vireloque é um personagem de Gavarni, e o bonapartista Ratapoil é uma criação de Daumier. 0 menino Gavroche é um personagem de Victor Hugo, Les Misérables (1862). Cf. b 1, 9. (J.L., E/M) 

    BENJAMIN, Walter (1892-1940). Passagens / Das Passagen-WerkWalter Benjamin; edição alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; colaboração na organização da edição brasileira Olgária Chain Féres Matos; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo; pósfácios Willie Bolle e Olgária Chain Féres Matos; introdução à edição alemã (1982) Rolf Tiedemann. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

    29.9.25

    continua/Alejandro Jodorowsky/Garras de anjo/Griffes d’Ange/Mœbius/entra

     

    GHAN ODN AR DBIR
    VAHNISS DGUG RGYUD
    HGYUR BZAN HDREN SSEH
    EHRSTA SUGAM SATAH!
     

    JODOROWSKY, Alexandro 1929- ; MŒBIUS, 1938-2012. Garras de anjo / Alexandro Jodorowsky & Mœbius; [tradução Fernando Scheibe]; Griffes dAnge, 1994; Les Humanoïdes Associés Ltda. — São Paulo: Nemo, 2014.

    continua/Alejandro Jodorowsky/Os olhos do gato/Les yeux du chat/Mœbius/sai

     

    JODOROWSKY, Alexandro 1929- ; MŒBIUS, 1938-2012. Os olhos do gato / Alexandro Jodorowsky & Mœbius; prefácio Jodorowsky, 2011; [tradução Arnaud Vin]; Les yeux du chat, 1978; Les Humanoïdes Associés Ltda. — São Paulo: Nemo, 2015.

    26.9.25

    entra/Marcus Siqueira/Fantasia Sommersa/Gilson Antunes/sai


    SIQUEIRA, Marcus. Marcus Siqueira por Gilson Antunes / Fantasia Sommersa (2009); texto de encarte de Willy Corrêa de Oliveira; violão Claudio Arone. São Paulo: Água-Forte Produções, 2009.

    continua/Alejandro Jodorowsky/Os olhos do gato/Les yeux du chat/Mœbius/entra

     

    JODOROWSKY, Alexandro 1929- ; MŒBIUS, 1938-2012. Os olhos do gato / Alexandro Jodorowsky & Mœbius; prefácio Jodorowsky, 2011; [tradução Arnaud Vin]; Les yeux du chat, 1978; Les Humanoïdes Associés Ltda. — São Paulo: Nemo, 2015.

    continua/Alejandro Jodorowsky/os filhos de El Topo/José Ladrönn/sai

    JODOROWSKY, Alexandro 1929- ; LADRÖNN, José 1967- . Os filhos de El Topo / Caim/ Abel / AbelCaim / Alejandro Jodorowsky, José Ladrönn; prefácio de Alejandro Jodorowsky; 2023; tradução de Thiago Ferreira; edição: Ferréz e Thiago Ferreira. — São Paulo: Comix Zone!, 2024.

    Uma boa continuação para o filme. 

    continua/benjamin/passagens/Das Passagen-Werk/continua

    O retrato da multidão em Poe mostra que a descrição da confusão não e o mesmo que uma descrição confusa.
    [J 56a, 7]
    [...]
    A dialética da produção de mercadorias no auge do capitalismo: a novidade do produto adquire — como estímulo da demanda — uma importância até então desconhecida. Ao mesmo tempo, o retorno do sempre igual manifesta-se de maneira patente na produção de massa.
    [J 56a, 10] 
    [...] 
    A propósito da imagem da multidão em Poe: que imagem da cidade grande se pode ter quando o registro de seus perigos físicos — sem falar dos perigos a que ela mesma está exposta  permanece ainda tão incompleto quanto na época de Poe ou Baudelaire? A multidão expressa um pressentimento desses perigos.

    [J 57, 8]

    BENJAMIN, Walter (1892-1940). Passagens / Das Passagen-WerkWalter Benjamin; edição alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; colaboração na organização da edição brasileira Olgária Chain Féres Matos; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo; pósfácios Willie Bolle e Olgária Chain Féres Matos; introdução à edição alemã (1982) Rolf Tiedemann. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

    21.9.25

    continua/beethoven/Kempff/Op57/sai

    Beethoven, Ludwig van. Sonata Op57 Appassionata. Ludwig van Beethoven. (Casella). Buenos Aires: Ricordi Americana Buenos Aires, s.d.

    BEETHOVEN, Ludwig van. Klaviersonate Nr14, 17 e 23. cis-moll Op27 No2 »Mondschein-Sonate«;  d-moll Op31 »Sturm-Sonate«;  f-moll Op57 »Apassionata«. Ludwig van Beethoven. Wilhelm Kempff, klavier. Germany: Deutsche Grammophon, 1965.

    continua/benjamin/passagens/Das Passagen-Werk/continua

    O que pretendo é mostrar como Baudelaire está incrustado no século XIX. A impressão que nele deixou deve surgir tão nítida e intacta como a de uma pedra que, certo dia, é movida de seu lugar depois de aí ter jazido por décadas.

    [J 51a, 5]

    A importância única de Baudelaire consiste no fato de ele ter sido o primeiro — e da maneira mais imperturbável possível — a apreender o homem estranho a si mesmo no duplo sentido da palavra 
    36 — ele o identificou e o muniu de uma couraça contra o mundo coisificado.

    [J 51a, 6]

    Na concepção de Baudelaire, nada se aproxima tanto da tarefa do herói antigo em seu século do que dar uma forma à modernidade.

    [J 51a, 7]

    No “Salon de 1846” ( 
    Œuvres, vol. II, p. 134 <OC II, p. 494>), Baudelaire descreveu sua classe a partir da roupa. Fica claro nesta descrição que o heroísmo se situa não no sujeito descrito, mas naquele que descreve. O heroísmo da vida moderna representa uma maneira de captar a benevolência do leitor — ou, caso se queira, um eufemismo. A idéia da morte, da qual Baudelaire jamais se livrou, é a forma (Hohlform) destinada a receber um saber que não era o seu. Sua concepção da modernidade heróica talvez fosse principalmente esta: uma enorme provocação. Analogia a Daumier.

    [J 52, 1]

    A postura mais autêntica de Baudelaire não é afinal a de Hércules em repouso, e sim a do mímico que tirou a maquiagem. Essa mesma postura encontra-se-se nas deficiências estruturais de seu verso, que pareceu a alguns observadores ser o elemento mais valioso de sua arte poética.

    [J 52, 2]
    [...]
    Uma imagem à qual Baudelaire recorre como explicação de sua teoria do poema curto, principalmente do soneto, em carta a Armand Fraisse, de 19 de fevereiro de 1860, serve melhor do que qualquer outra descrição para caracterizar a maneira como o céu aparece em Meryon: “Você já observou que um pedaço do céu visto através de uma clarabóia, ou entre duas chaminés, duas rochas, ou através de uma arcada, dava uma idéia mais profunda do infinito que o grande panorama visto do alto de uma montanha? Ch. B., Lettres, Paris, 1915, pp. 238-239. 
    [...]
    Sobre a fuga de imagens (Bilderflucht) e sobre a teoria da surpresa, que Baudelaire compartilhou com Poe: “As alegorias envelhecem porque faz parte de sua essência provocar a estupefação.”40 A seqüência de publicações alegóricas no Barroco representa uma espécie de fuga de imagens.

    [J 54, 2]
    [...]
    É errôneo querer julgar a força de pensamento de Baudelaire segundo suas digressões filosóficas, como o fez Jules Lemaître. Baudelaire foi um filósofo ruim, foi melhor como teórico da arte, porém, foi incomparável como homem meditativo (Grübler). Do homem meditativo ele tem a estereotipia dos temas, a capacidade imperturbável de afastar tudo que pudesse incomodá-lo, a disposição de colocar a qualquer momento a imagem a serviço da idéia. O meditativo sente-se em casa entre as alegorias.

    [J 55a, 1] 
    [...]
    De Lessence du rire contém a teoria da gargalhada satânica. Neste ensaio, Baudelaire chega a considerar mesmo o sorriso como satânico por natureza. Alguns contemporâneos chamaram a atenção para o caráter assustador da maneira de rir do próprio Baudelaire.

    [J 55a, 8]  
    36 Trocadilho: o original ding-fest machen significa, ao mesmo tempo, apreender e tornar resistente às coisas, isto é, ao mundo coisificado (die verdinglichte Welt). (w.b.) 
    40 GS I, 359; ODBA, p. 205, com interpolações. (R.T.; w.b.) 

    BENJAMIN, Walter (1892-1940). Passagens / Das Passagen-WerkWalter Benjamin; edição alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; colaboração na organização da edição brasileira Olgária Chain Féres Matos; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo; pósfácios Willie Bolle e Olgária Chain Féres Matos; introdução à edição alemã (1982) Rolf Tiedemann. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

    20.9.25

    continua/Alejandro Jodorowsky/os filhos de El Topo/José Ladrönn/entra

    JODOROWSKY, Alexandro 1929- ; LADRÖNN, José 1967- . Os filhos de El Topo / Caim/ Abel / AbelCaim / Alejandro Jodorowsky, José Ladrönn; prefácio de Alejandro Jodorowsky; 2023; tradução de Thiago Ferreira; edição: Ferréz e Thiago Ferreira. — São Paulo: Comix Zone!, 2024.

    continua/Alejandro Jodorowsky/Sangue Real/Sang Royal/Dongzi Liu/sai

    JODOROWSKY, Alexandro 1929- ; LIU, Dongzi 1982- . Sangue Real / Alejandro Jodorowsky, Dongzi Liu; tradução de Thiago Ferreira; edição: Ferréz e Thiago Ferreira; Sang Royal, 2020. — São Paulo: Comix Zone!, 2023.




    Não somos o que éramos,
    Não somos o que queremos...
    Somos o que somos... 
    Provavelmente o meu quadrinho preferido de Jodorowsky. Uma história medieval que, no fundo, é puro Jodorowsky. 
    A mudança, sempre com o “eterno retorno.” 

    Dano Cerebral • Shintaro Kago

    Em Dano Cerebral, o mestre do ero guro nansensu Shintaro Kago reúne quatro histórias curtas que vão testar os limites do seu cérebro – e do seu estômago.

    Garotas idênticas presas em um labirinto mortal. Um quarto amaldiçoado que desafia as leis da lógica. Vizinhos desaparecem sem deixar rastro. Cadáveres mutilados encontrados dentro de carros perfeitamente intactos. Nada faz muito sentido – e é justamente aí que mora o terror.

    Com seu traço vibrante e sua mente pervertidamente criativa, Kago convida o leitor para um passeio sem freios por pesadelos surreais, violência gráfica e reviravoltas insanas.

    A edição apresenta 192 páginas em altíssimo padrão de qualidade para colecionadores, com capa cartão, sobrecapa, papel pólen bold de alta gramatura e miolo com acabamento colado e costurado, garantindo o melhor manuseio das páginas. Além disso, inclui um marcador de página exclusivo.

    Shintaro Kago nasceu em 1969, em Tóquio, Japão. Desde jovem, desejava se dedicar a atividades criativas e, embora tenha considerado a indústria cinematográfica, decidiu tornar-se autor de mangá por sua afinidade com o desenho. Estreou profissionalmente em 1988 na revista Comic Box e, a partir de então, passou a publicar histórias curtas em diversas revistas voltadas ao público adulto, especializando-se no subgênero ero guro, marcado pela combinação de elementos eróticos e grotescos. Em 2010, recebeu o 3º Prêmio Mundial Baka-misu por Pedacinhos. Em 2013, foi homenageado como convidado no XIX Salão de Mangá de Barcelona, na Espanha. Entre seus principais trabalhos estão Dementia 21 e A Grande Invasão Mongol.

     



    Brochura
    Formato 15,5 x 22 cm
    192 páginas
    ISBN 9786501535951
    edição: Ferréz e Thiago Ferreira
     

    17.9.25

    continua/beethoven/Kempff/op 27/n 2/

    BEETHOVEN, Ludwig van (1770-1827). Sonata Op27 - No2 (Claire de Lune). Ludwig van Beethoven. Revista e analisada com introdução pelo Prof. N.Assis Ribeiro [diretor do Departamento Cultural Mackenzie, docente do Curso Superior de Música do Conservatório Dramático e Musical de S.Paulo, Lente do Ginasio Mackenzie]. Pareceres de: Souza Lima, Francisco Mignone, João Itiberê da Cunha, Mario de Andrade, José Wancolle e Armando j.da Silveira. São Paulo: Casa Wagner Editora, 1939.

     

    BEETHOVEN, Ludwig van. Klaviersonate Nr14, 17 e 23. cis-moll Op27 No2 »Mondschein-Sonate«;  d-moll Op31 »Sturm-Sonate«;  f-moll Op57 »Apassionata«. Ludwig van Beethoven. Wilhelm Kempff, klavier. Germany: Deutsche Grammophon, 1965.

    16.9.25

    entra/beethoven/Kempff/op 27/n 2/

    BEETHOVEN, Ludwig van. Sonatas for pianoforte solo. Ludwig van Beethoven. (Casella). First Volume. Sonate per Pianoforte  Op27, No1 & No2; Op28. Italie: G.Ricordi&Co (London), MCMXX.






    BEETHOVEN, Ludwig van. Klaviersonate Nr14, 17 e 23. cis-moll Op27 No2 »Mondschein-Sonate«;  d-moll Op31 »Sturm-Sonate«;  f-moll Op57 »Apassionata«. Ludwig van Beethoven. Wilhelm Kempff, klavier. Germany: Deutsche Grammophon, 1965.