Alejandro Jodorowsky • Dongzi Liu • Sangue Real
Conheço Carlão por várias variantes; desde o cara que frequento a sua casa desde pequeno (minha irmã é amiga de sua filha, eu tenho a idade do filho do meio); entre os seus mais variados tipos de filmes, prefiro Filme Demência; Olhar e Sensação; e, acima de tudo, Alma Corsária; e o cara que encontrava na rua de São Paulo.
Na primeira Seção, dois filmes: Prelúdio para Matar, de Dario Argento, me fez balançar a minha lógica.
Intervalo.
Santa Sangre, de Jodorowsky, com roteiro dele e do Claudio Argento.
Daí mudou tudo. Sempre que conseguia eu assistia as suas películas, ou no Comodoro — que eu sempre ia —, ou na Cinemateca.
Um dia, no CCBB, teve uma mostra de todos os seus filmes, com a presença do próprio e palestras. Vi todos, realizados até então (Santa Sangre), sentado do lado dele. No dia do encontro tarólogo, várias pessoas que eu via em São Paulo acabavam entrando em um ponto tão estremo, que nunca mais vi nenhuma delas.
Em uma das palestras, alguém pergunta sobre o quadrinho — que tinha saído no século passado no Brasil — dele com o Mœbius. Cheguei em casa e fui ver. Lá estava, sempre conheci o cara: Os Olhos do Gato.
Na sequencia (2007-8?), comecei a procurar os quadrinhos.
Ferido, traído e abandonado à beira da morte, o Rei Alvar jura recuperar seu trono e seus direitos. Com o coração inflamado por um ódio selvagem, ele semeia a loucura e o terror, até que sua sede de vingança se volta contra ele, em um turbilhão de lágrimas e sangue.
Sangue Real é uma história de guerra, luxúria e traição, escrita pelo renomado autor Alejandro Jodorowsky, com ilustrações deslumbrantes do artista chinês Dongzi Liu.
Originalmente publicado em quatro volumes entre 2010 e 2020, Sangue Real finalmente desembarca no Brasil em uma edição integral de luxo. O livro tem formato grande, capa dura, verniz localizado, 232 páginas em cores, impressas em papel offset de alta gramatura. Recomendado para maiores de 18 anos.
Alejandro Jodorowsky viveu tantas vidas que um livro não bastaria para resumi-las todas. Chegando a Paris de seu país natal, o Chile, em 1953, foi sucessivamente marionetista, artista de circo, dramaturgo, diretor, poeta, romancista e ensaísta. Apaixonado por filosofia, psicanálise e esoterismo, acompanhou o movimento surrealista, depois fundou o grupo Panique com Arrabal e Topor. Criou igualmente o Cabaret Mystique, uma espécie de ágora moderna e itinerante onde se misturam zen, artes marciais, misticismo transcendental, psicanálise e tradição chilena. Apaixonado por imagens e pela escrita, é quase lógico que seu caminho cruzasse o das histórias em quadrinhos. Faz uma primeira incursão em 1966 (Anibal 5, produzida com Moro), mas é o encontro com Mœbius, em 1975, que estimula de modo mais duradouro seu interesse pelos quadros e balões. Jodorowsky conhece o desenhista durante um projeto de adaptação cinematográfica de Duna, de Frank Herbert, que jamais veria a luz do dia. Paradoxalmente, da interrupção dessa criação nascerá uma obra única no gênero, que mistura ficção científica, esoterismo e simbolismo alquímico. O Incal irá por sua vez engendrar um universo que contribuiu para a era de ouro da Métal Hurlant, da (À Suivre) e da Humanoïdes Associés, e cujo sucesso iria consolidar definitivamente o lugar de Jodorowsky no panteão das histórias em quadrinho.
Capa dura
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