Final da minha infância: depois do Fantástico(!?), na Globo(?!?), um seriado:
Twin Peaks, coisa que até hoje me surpreenderia passar na TV bem comercial e ideológica.
Eu, que via filmes bem estranhos e bizarros, ou recomendado pelo fanho da locadora (que me fez entender e dar um valor, eterno, para a estrutura dos filmes — aparentemente comerciais, o que de fato foram — do Hitchcock).
Mas mergulhei, desde então, em mais um grande diretor.
Faculdade. Tínhamos um pequeno grupo que via filme em VHS. David Lynch estava entre os principais (como Kubrick, outra grande paixão pela estrutura completa e complexa; Cronenberg; Monty Pyton &c).
Talvez o filme que mais víamos era Lost Highway — A Estrada Perdida. Até hoje entre os meus preferidos, se é que isso é possível. (nunca vou entender porque no Brasil só lançaram VHS, nunca DVD) Assistíamos também Blue Velvet — Veludo Azul, entre outros.
Uma época, na faculdade, um grupo de cinema ia fazer uma exibição de todos os filmes do David Lynch, que conseguiram arrumar. Fui conhecer o organizador.
Em cima da hora, eles não conseguiram Eraserhead. Emprestei meu VHS. Cada coisa.
Sempre quando passava filmes do David Lynch nos cinemas eu ia ver, mas acho que o quanto gastei assistindo varias vezes Mulholland Drive, daria para comprar um cinema... Outro dos meus filmes preferidos. Talvez seja este e Lost Highway. Mas gosto de todos, colocaria para baixo o The Straight Story (que parece bem mais comum, mas é muito David Lynch, não sei como ele consegue), assisti apenas uma vez, quando foi lançado no cinema; e Duna (, mas que nem foi editado por ele. Mas o do Jodorowsky também não ficaria bom, acho), mesmo que este, vira e mexe, eu assisto em DVD.
Fora os vídeos bizarros (alguns foram parar na edição do Inland Empire), os quadros, os quadrinhos bizarros (que Rogério de Campos lançou no Brasil na revista Animal), as músicas (fora as trilhas do Angelo Badalamenti, o último compositor de trilhas sonoras da história) etc.
Na grande Seção Dupla do Comodoro (Carlos Reichenbach, CineSesc), passou Eraserhead (e antes, dirigido por Robin Hardy, o O Homem de Palha, que foi, entre os filmes que Cristopher Lee atuou, o seu preferido).
Quando a realização de cinema já era impossível, onde o digital passava em salas que fingiam ser cinema, sem projetar película, sem som de película, sem imagem de película, sem mudança de rolos etc (David Lynch faz, usando muito bem o recurso do digital): Inland Empire; e terminou com Twin Peaks: The Return, a terceira parte, quase 30 anos depois e com os mesmos atores. Cada episódio é dedicado a um ator recém morto, normalmente o que mais aparece no episódio. Nesse sentido, o mais interessante é o de Harry Dean Stanton, que passou dos 90 fumando(?!), e, claro, o de Jack Nance, que já tinha morrido faz alguns anos, e o episódio dedicado a ele usa apenas montagem de cenas dos 2 primeiros anos da série. O único personagem comum que ele fez para o Lynch, desde que apareceu como Eraserhead.
E terminou com um seriado, quando não existe mais TV (aliás esse é um ponto curioso, enquanto os dois primeiros anos de TP por aqui passou na Globo, nos EUA foi em um canal do mesmo tipo).
E mesmo no TP3 , tem um dos episódios mais interessantes, ainda mais para um seriado, e por mais que o David Lynch sempre vai além do seu veículo, até onde ele leva isso: “Part 8”, ou “Gotta Light?”.
Sua última tentativa era um seriado infantil. Mas ninguém aceitou.


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