A observação de Lotze sobre o trabalhador, que não mais maneja a ferramenta mas opera a máquina, presta-se a esclarecer o comportamento do consumidor em relação à mercadoria produzida nestas condições. “Nos produtos acabados, em cada detalhe de sua forma, ele podia ainda reconhecer a força e a precisão dos movimentos que ele investiu, trabalhando em sua fabricação. A participação do homem no trabalho das máquinas limita-se, ao contrário, a ... movimentos manuais que de imediato não dão forma a coisa alguma, mas apenas concedem a um mecanismo mal conhecido uma oportunidade incompreendida para realizações invisíveis. Hermann Lotze, Mikrokosmos, vol. III, Leipzig, 1864, pp. 272-273.
[J 83a, 2]
A alegoria, como signo claramente distinto de seu significado, ocupa seu lugar na arte como antagonista da bela aparência, na qual significado c significante se misturam. Se esta aspereza da alegoria desaparece, ela perde sua autoridade. E o caso da pintura de gênero. Ela introduz um elemento de “vida” nas alegorias, que agora irão fanar como flores. Sternberger fez menção a este fato (Panorama , Hamburgo, 1938, p. 66): “a alegoria que se tomou aparentemente viva, que sacrificou sua duração e rigorosa validade pelo prato de lentilhas” da vida,72 aparece com razão como uma criação da pintura de gênero. No Jugendstil parece ter início um processo inverso. A alegoria recupera a sua aspereza.
[J 83a, 3]
Sobre a observação de Lotze, vista acima: O ocioso, o flâneur, que nada mais entende da produção, quer tornar-se o perito do mercado (dos preços).
[J 83a, 4]
“Os capítulos ‘Perseguição’ e ‘Assassinato’ do Poeta Assassine, de Apollinaire, contêm a famosa descrição de um pogrom contra os poetas. As editoras são assaltadas, os livros de poemas atirados ao fogo, os poetas, massacrados. E as mesmas cenas se repetem ao mesmo tempo ma mundo inteiro. Em Aragon, a ‘Imaginação’, ao pressentir tais atrocidades, conclama seus adeptos para uma última cruzada.” Walter Benjamin, “Der Sürrealismus”, Die literarische, V, 7, 15 fev. 1929.73
72 Cf. a história de Esaú e Jacó em Gênesis 25: 29-34. (E/M)
73 GS II, 303; cf OE I, p. 29 e DCDB, p. 1 11. (R.T.; w.b.)
72 Cf. a história de Esaú e Jacó em Gênesis 25: 29-34. (E/M)
73 GS II, 303; cf OE I, p. 29 e DCDB, p. 1 11. (R.T.; w.b.)
BENJAMIN, Walter (1892-1940). Passagens / Das Passagen-Werk / Walter Benjamin; edição alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; colaboração na organização da edição brasileira Olgária Chain Féres Matos; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo; pósfácios Willie Bolle e Olgária Chain Féres Matos; introdução à edição alemã (1982) Rolf Tiedemann. — Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

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