“Baudelaire talvez não tenha sido senão um espírito laborioso que sentiu e compreendeu,
através de Poe, coisas novas e esforçou-se durante toda sua vida em se especializar.” Maurice
Barrès, La Folie de Charles Baudelaire, Paris, p. 98.
[J 13,3]
“Evitemos aclamar, apressadamente, esses poetas como cristãos. A liturgia, os anjos, os
satãs ... são apenas uma encenação para o artista que julga que o pitoresco vale bem uma
missa.” Maurice Barrès, La Folie de Charles Baudelaire, Paris, pp. 44-45.
[J 13,4]
“Suas melhores páginas nos esmagam. Ele punha em versos difíceis uma prosa magnífica.”
Maurice Barrès, La Folie de Charles Baudelaire, Paris, p. 54.
[J 13, 5]
“As estrelas espalhadas pelo céu como sementes cintilantes, douradas e prateadas, brilhando
na profunda escuridão da noite, simbolizam [para Baudelaire] o ardor e a força da fantasia
humana.” Elisabeth Schinzel, Natur und Natursymbolik bei Poe, Baudelaire und den
französischen Symbolisten, Düren (Renânia), 1931, p. 32.
[J 13, 6]
[...]
“No início, a obra de Baudelaire pareceu pouco fecunda Espíritos inteligentes compararam-na a um tanque d’água estreito, cavado com esforço, num lugar sombrio e coberto de
vapores... A influência de Baudelaire se revelou no Pamasse Contemporain ... em 1865...
Três figuras se destacam... Stephane Mallarmé, Paul Verlaine e Maurice Rollinat.” Maurice
Barrès, La Folie de Charles Baudelaire, Paris, pp. 61, 63, 65.
[J 13, 8]
[...]
“Passando de todos esses poetas românticos a Baudelaire, passa-se de um cenário de
natureza a um cenário de pedra e de carne... O temor religioso da natureza, que fazia
parte, para os românticos, de sua familiaridade com a natureza, tornou-se em Baudelaire
ódio à natureza.” [?]
[ J 13a, 4]
Baudelaire sobre Musset: “Exceto na idade da primeira comunhão, isto é, numa idade em
que tudo que diz respeito às prostitutas e às meias de seda tinha o efeito de uma religião,
nunca pude suportar este mestre dos afetados, sua impudência de criança mimada que
invoca o céu e o inferno para aventuras narradas na mesa de jantar, sua torrente lamacenta
de erros de gramática e de prosódia, enfim, sua incapacidade total de compreender o
trabalho pelo qual um devaneio se torna um objeto de arte. Thibaudet, que cita esta
observação (Intérieurs, p. 15), dá-lhe como paralelo (p. 16) a observação de Brunetière
sobre Baudelaire: “Não é mais que um Satã de quarto mobiliado, um Belzebu de mesa de
jantar.”
[J 13a, 5]
[...]
“‘Não foi para minhas mulheres, minhas filhas ou minhas irmãs que foi escrito este livro’,
diz ele, falando das Fleurs du Mal. Que necessidade tem ele de nos prevenir? Por que essa frase? Oh! Simplesmente pelo prazer de afrontar a moral burguesa com esta palavra ‘minhas
mulheres’, inserida ali como por negligência, mas que foi colocada de propósito, uma vez
que a reencontramos em seu diário íntimo: ‘Isso não poderá escandalizar minhas mulheres,
nem minhas filhas nem minhas irmãs’.” André Gide, “Introduction” a Charles Baudelaire, Les Fleurs du Mal, Paris, Édouard Pelletan, 1917, p. XIV.
[J 14a, 4]
[...]
Bourget tece uma comparação entre Leonardo e Baudelaire: “Uma perigosa curiosidade
força a atenção e convida aos longos devaneios diante desses enigmas de pintor e de poeta.
Olhado por muito tempo, o enigma libera seu segredo.” Paul Bourget, Essais de Psychologie
Contemporaine, vol. I, Paris, 1901, p. 4. (“Baudelaire”)
[J 15, 3]
[...]
Em 1849 ou 1850, Baudelaire desenha de memória a cabeça de Blanqui. (Ver Philippe Soupault, Baudelaire, Paris, 1931, ilustração à p. 15.)
[J 15,6]
“Baudelaire tinha a arte de transformar sua máscara como um criminoso que fugiu da
prisão.” Champfleury, Souvenirs et Portraits de Jeunesse, Paris, 1872, p. 135 (“Rencontre
avec Baudelaire”). — Courbet queixou-se de não poder levar a cabo o retrato de Baudelaire;
a cada dia tinha uma fisionomia diferente.
[J 16a, 9]
[...]
Poe (cit. em R. de Gourmont, Promenades Littéraires, Paris, 1904, p. 371, “Marginalia sur
Edgar Poe et sur Baudelaire”): “A certeza do pecado ou do erro contido num ato é, muitas
vezes, a única força, invencível, que nos arrasta para sua execução.”
[J 17, 3]
Estrutura de L’Échec de Baudelaire, de René Laforgue, Paris, 1931. Baudelaire teria
presenciado o coito de sua babá ou de sua mãe com seu (primeiro ou segundo?) marido;
colocado, dessa forma, na posição da terceira pessoa no relacionamento amoroso, ele teria
se fixado nesse papel e se tornado voyeur ; possivelmente teria freqüentado bordéis, basicamente
como voyeur; por causa dessa fixação no olhar, teria se tornado um crítico que sente a
necessidade de ser objetivo, “para não ‘perder nada de vista’”. Perrenceria a um tipo claramente
definido de paciente. “Ver, para eles, significa planar como as águias acima de tudo, com
toda segurança, e realizar uma espécie de onipotência pela identificação, ao mesmo tempo,
com o homem e com a mulher... São esses os seres que desenvolvem então o gosto funesto
do absoluto ... e que, refugiando-se no domínio da pura imaginação, perdem o uso de seu
coração.” (pp. 201 e 204).
[J 17,4]
“Inconscientemente Baudelaire amou Aupick, e ... talvez fosse para conseguir ser amado
por seu padrasto, que ele o teria provocado incessantemente... Se, para a afetividade do
poeta, Jeanne Duval desempenhou um papel análogo ao de Aupick, compreendemos
porque Baudelaire foi ... sexualmente possuído por ela. E essa união representaria, assim,
... antes de mais nada uma união homossexual, em que Baudelaire desempenhava
sobretudo um papel passivo, o da mulher. ” René Laforgue, L’Échec de Baudelaire, Paris,
1931, pp. 175, 177.
[ J 17, 5]
BENJAMIN, Walter (1892-1940). Passagens / Das Passagen-Werk / Walter Benjamin; edição alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; colaboração na organização da edição brasileira Olgária Chain Féres Matos; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo; pósfácios Willie Bolle e Olgária Chain Féres Matos; introdução à edição alemã (1982) Rolf Tiedemann. — Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

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