4.8.25

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“Le mort joyeux” <OC I, p. 70> é provavelmente uma réplica às fantasias de putrefação em Poe. “E diga-me se há ainda alguma tortura...”
[J 21a, 2]
[...]
“‘O olhar singular de uma mulher galante / Que desliza até nós como o raio branco / Que a lua ondulosa envia ao lago trêmulo.’ Assim se inicia o último poema, e Berg respondeu longa e avidamente a este olhar singular, que faz jorrar lágrimas copiosas nos olhos daquele que o encontra desarmado. Porém, assim como para Baudelaire, também para Berg o olhar venal tornou-se um olhar vindo da história primeva. A lua da grande cidade, em forma de lâmpada em arco, parece-lhe vir do tempo das heteras.14  Ele precisa apenas refleti-lo, assim como o lago, e o banal apresenta-se como algo ocorrido há muito tempo; a mercadoria do século XIX revela seu tabu mítico. Foi com esse espírito que Berg compôs a Lulu.” Wiesengrund-Adorno, “Konzertarie: ‘Der Weih” (em Willi Reich, Alban Berg, com os escritos do próprio Berg e contribuições de Theodor Wiesengrund-Adorno e Ernst Krenek, Viena, Leipzig, Zurique, 1937), p. 106.
[J 22, 2]
14 Alusão aos trabalhos de Johann Jakob Bachofen sobre a história da família (Das Mutterrecht, 1861). O heterismo designa um estágio primitivo da humanidade, caracterizado por relações sexuais livres.  Cf. o artigo de Benjamin sobre Bachofen, GS II, 219-233. (J.L.) 

BENJAMIN, Walter (1892-1940). Passagens / Das Passagen-WerkWalter Benjamin; edição alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; colaboração na organização da edição brasileira Olgária Chain Féres Matos; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo; pósfácios Willie Bolle e Olgária Chain Féres Matos; introdução à edição alemã (1982) Rolf Tiedemann. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

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