No Charivari de 1836 encontra-se uma ilustração mostrando um cartaz que se estende por metade da fachada de uma casa. As janelas foram poupadas, à exceção de uma, aparentemente, pois nela se apoia um homem cortando o pedaço do papel que o incomoda.
[G 1a, 1]
[...]
“O homem-sanduíche carrega com seriedade seu fardo duplo e leve. Esta jovem senhora, cujo ventre redondo é apenas passageiro, ri do cartaz ambulante e, sempre rindo, deseja lê-lo; o feliz autor de sua protuberância carrega também seu próprio fardo.” Texto referente à litografia: “O homem-sanduíche na Place des Victoires”. Extraído de Nouveanx Tableaux de Paris, texto da prancha 63 [as litografias são de autoria de Marlet] . Este livro é uma espécie de Hogarth ad usum Delphini.
[G 3a, 2]
[...]
“‘A Europa se deslocou para ver mercadorias’, dizia Renan, com desprezo, da Exposição de 1855”. Paul Morand, 1900, Paris, 1931, p71.
[G 4, 5]
“‘Este ano foi perdido em prol da propaganda’, diz um orador socialista, no congresso de 1900." Paul Morand, 1900, Paris, 1931, p129.
[G 4, 6]
[...]
“Com a etiqueta exibindo o preço, a mercadoria entra no mercado. Sua individualidade material e qualidade formam apenas o atrativo para a troca, sendo totalmente irrelevantes para a avaliação social de seu valor. A mercadoria tornou-se uma coisa abstrata. Uma vez saída da mão do produtor e livre de sua particularidade real, deixa de ser um produto e de ser dominada pelo homem. Adquire uma ‘objetividade espectral’ e leva uma vida própria. ‘Uma mercadoria parece ser à primeira vista uma coisa óbvia, trivial. De sua análise resulta, porém, ser ela uma coisa complicada, cheia de sutilezas metafísicas e argúcias teológicas.’ Separada da vontade do homem, ela se insere em uma hierarquia misteriosa, desenvolve ou rejeita a aptidão de troca, age segundo leis próprias tal como atores sobre um palco fantasmagórico. Nos informes da Bolsa, o algodão ‘sobe’, o cobre ‘cai’, o milho está ‘animado’, o carvão está ‘fraco’, o trigo ‘atraente’ e o petróleo ‘manifesta tendência’. As coisas emanciparam-se, assumem um comportamento humano... A mercadoria transformou-se em ídolo que, embora seja um produto feito por mãos humanas, comanda o homem. Marx fala do caráter fetiche da mercadoria. ‘Este caráter fetiche do mundo das mercadorias provém do caráter social específico do trabalho que produz mercadorias... E apenas a relação social determinada dos homens que assume para eles aqui a forma fantasmagórica de uma relação de coisas’.” Otto Rühle, Karl Marx, Hellerau, 1928, pp. 384-385.
[G 5, 1]
[...]
“Já por ocasião da primeira Exposição universal, em 1851, enviaram para Londres às custas do Estado alguns operários escolhidos pelos empresários. Entretanto, houve também uma delegação independente que foi enviada por iniciativa de Blanqui (o economista) e de Émile de Girardin... Esta delegação apresentou um relatório geral em que não encontramos nenhum indício da tentativa de estabelecer uma ligação permanente com os operários ingleses, porém, enfatizou-se a necessidade de relações pacíficas entre a Inglaterra e a França... Em 1855, realizou-se a segunda Exposição universal, desta vez em Paris. Delegações de operários, seja da capital, seja da província, foram totalmente excluídas desta vez. Temia-se que elas oferecessem aos operários a oportunidade de se organizar.” D. Rjazanov, “Zur Geschichte der ersten Internationale”, in: Marx-Engels Archiv, org. por Rjazanov, vol. I, Frankfurt a. M., pp. 150-151.
[G 5a, 1]
As especiosidades de Grandville expressam muito bem o que Marx chama de “argúcias teológicas” da mercadoria.
[G 5a, 2]
[...]
Relação da primeira Exposição universal de Londres, de 1851, com a idéia do livre comércio.
[G 5a, 4]
“As exposições universais perderam muito do seu caráter original. O entusiasmo que em 1851 contaminou os mais amplos círculos dissipou-se e, em seu lugar, adveio uma espécie de frio cálculo; em 1851, nós nos encontrávamos na época do livre comércio... Agora encontramo-nos há décadas em um período contínuo e crescente do protecionismo; ... participar de uma exposição torna-se ... uma espécie de representação ... e enquanto em 1850 colocava-se como princípio supremo: que o governo não devia se preocupar com este assunto, chega-se hoje a considerar o governo de cada país como um verdadeiro empresário.” Julius Lessing, Das halbe Jahrhundert der Weltausstellungen, Berlim, 1900, pp. 29-30.
[G 5a, 5]
No ano de 1851, em Londres, “surgiu ... o primeiro canhão de aço fundido da fabrica Krupp e, a partir desse modelo, o ministério da guerra prussiano deveria logo encomendar mais de 200 unidades. Julius Lessing, Das halbe Jahrhundert der Weltausstellunven, Berlim 1900, p. 11.
[G 5 a, 6]
BENJAMIN, Walter (1892-1940). Passagens / Das Passagen-Werk / Walter Benjamin; edição alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; colaboração na organização da edição brasileira Olgária Chain Féres Matos; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo; pósfácios Willie Bolle e Olgária Chain Féres Matos; introdução à edição alemã (1982) Rolf Tiedemann. — Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

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