18.5.25

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“No tempo de Haussmann, eram necessárias novas vias, mas não necessariamente as novas vias que ele construiu... Eis o primeiro aspecto que choca em sua obra: o desprezo da experiência histórica. Haussmann faz de Paris uma cidade projetada e artificial, como no Canadá ou no Faroeste... As vias de Haussmann muitas vezes não têm utilidade e não possuem nunca beleza. A maior parte são traçados surpreendentes que partem de não importa onde, para terminar em parte alguma, derrubando tudo em sua passagem, ao passo que bastariam alguns desvios para conservar lembranças preciosas... Não se deve acusá-lo de ter haussmannizado demais, mas de menos... Apesar de sua megalomania teórica, em lugar algum, na prática, ele viu com largueza, em lugar algum previu o futuro. A todas as suas perspectivas falta amplidão, todas as suas vias são estreitas demais. Sua visão foi grandiosa, mas não grande, nem justa, nem de longo alcance.” Dubech e DEspezel. pp. 424-426.
[E 5a, 1]
[...]
 

Os donos do poder querem manter sua posição com sangue (polícia), com astúcia (moda), com magia (pompa).

[E 5a, 7]


O alargamento das ruas, dizia-se, teria sido realizado devido à crinolina.

[E 5a, 8]

[...]

Primórdios do urbanismo no Discours Contre les Servitudes Publiques (Discurso Contra as Servidões Públicas), de Boissel. “Desde que se suprimiu a comunhão natural dos bens através de sua distribuição, cada um dos proprietários cultivou o que bem entendia. Na época, a ordem social não sofria com isto, contudo, desde o surgimento das cidades, construídas de acordo com a preferência dos proprietários e seu máximo proveito, não houve mais consideração alguma por segurança, saúde e conforto da sociedade. Este foi principalmente o caso de Paris, onde se construíram igrejas e palácios, boulevards e passeios públicos, mas não houve a mínima preocupação em alojar a grande maioria da população. De maneira bastante drástica, ele descreve a sujeira e os perigos que ameaçavam o pobre transeunte nas ruas de Paris... Boissel posiciona-se então contra esta horrenda disposição das ruas e soluciona o problema ao transformar o andar térreo das casas em arcadas arejadas que oferecem proteção contra os veículos e as intempéries, antecipando assim a idéia dos ‘guarda-chuvas’ de Bellamy.”10 C. Hugo, “Der Sozialismus in Frankreich während der grofien Revolution”, parte I, “François Boissel”, Die neue Zeit, Stuttgart, 1893, XI, I, p. 813. 

 [E 6a, 3] 

 
Sobre Napoleão III, por volta de 1851: “Ele é socialista com Proudhon, reformador com Girardin, reacionário com Thiers, republicano moderado com os partidários da república e inimigo da democracia e da revolução com os legitimistas. Ele promete tudo e assina qualquer coisa.” Friedrich Szarvady, Paris, vol. I [único publicado], Berlim, 1852, p. 401.

[E6a, 4]

 

<fase média>

“Luís Napoleão..., este reprçsentante do lumpemproletariado e de tudo que é embuste e fraude atrai lentamente a violência para si... Com divertido elã, ressurge Daumier. Ele cria o personagem fulgurante de ‘Ratapoil’, um atrevido cafetão e charlatão. E este ladrãozinho andrajoso que traz sempre escondido às costas um porrete assassino torna-se para ele a encarnação da decadente idéia bonapartista.” Fritz Th. Schulte, “Honoré Daumier”, Die neue Zeit, Stuttgart, XXXII, n° 1, p. 835.

[E 7, 1]

10 Edward Bellamy, no capítulo 14 do seu romance utópico Looking Backward: 2000-1887 (1888), descreve uma construção protetora contra as intempéries que cobrem calçadas e esquinas de ruas. (J.L.; E/M) 

BENJAMIN, Walter (1892-1940). Passagens / Das Passagen-WerkWalter Benjamin; edição alemã de Rolf Tiedemann; organização da edição brasileira Willi Bolle; colaboração na organização da edição brasileira Olgária Chain Féres Matos; tradução do alemão Irene Aron; tradução do francês Cleonice Paes Barreto Mourão; revisão técnica Patrícia de Freitas Camargo; pósfácios Willie Bolle e Olgária Chain Féres Matos; introdução à edição alemã (1982) Rolf Tiedemann. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.

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