O tradicional grupo fará um recital focado no séc. XX, com obras muito significativas:
a Suíte Lírica, de
Alban Bergfantástica peça onde os instrumentos “cantam” no final os versos De Profundis Clamavi, de
Charles Baudelaire;
as Seis Bagatelas, de
Anton Webernum dos compositores mais bem quistos deste recito (tacet);
e a estréia mundial de Réquiem sem Palavras, do brasileiro
Almeida Prado.
Quinta, dia 20, no Theatro Municipal.
DE PROFUNDIS CLAMAVI
Imploro-te piedade, a Ti, razão de amor,
Do fundo abismo onde minha alma jaz sepulta.
É uma cálida terra em plúmbea névoa oculta,
Onde nadam na noite a blasfêmia e o terror;
Por seis meses um morno sol dissolve a bruma,
E durante outros seis a noite cobre o solo;
É um país bem mais nu do que o desnudo pólo
— Nem bestas, nem regatos, nem floresta alguma!
Não há no mundo horror que comparar se possa
À luz perversa desse sol que o gelo acossa
E à noite imensa que no velho Caos se abriu;
Invejo a sorte do animal mais vil,
Capaz de mergulhar num sono que o enregela,
Enquanto o dédalo do tempo se enovela.