• tacet: 11/2008

    13.11.08

    Imagens & Sons a partir de Poe

    palestra que apresentarei hoje, às 18h30, na Casa das Rosas — Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura —, na 3ª Mostra Curta Fantástico.
    Paulo Vidal de Castro

    Edgar Allan Poe

    “Há em nós uma presença obscura de Poe,
    uma latência de Poe. Todos nós,
    em algum lugar de nossa pessoa, somos ele,
    e ele foi um dos grandes porta-vozes do homem,
    aquele que anuncia o seu tempo noite adentro.”Cortázar

    Na obra de Poe, alguns elementos insinuados em um conto, desenvolvem-se mais amplamente em outro. O que é parte ou detalhe em um conto, torna-se espinha dorsal de outro. Cria-se, assim, um sistema de referências internas, rebatimentos de um conto a outro: duplicações, espelhamentos, labirintos textuais. Em todos os seus contos existem obsessões ficcionais. Comentaremos agora algumas destas características:

    A loucura pessoal dentro da lógica racional

    Segundo Cortázar, Edgar Allan Poe escrevia “sem compromissos exteriores, escritas a sós, divorciadas de uma realidade bem cedo considerada precária, insuficiente, falsa. E o orgulho assume ainda o matiz característico do egoísmo. Poe é um dos egoístas mais cabais da literatura. Se no fundo ignorou sempre o diálogo, a presença do tu, que é a autêntica inauguração do mundo, isto se deve ao fato de que só consigo mesmo se dignava a falar. Por isso, não lhe importava que os seres queridos o compreendessem. Bastava-lhe o carinho e o cuidado; não necessitava deles para a confidência intelectual (...). Por fim o egotismo desembocará na loucura. (...) A conseqüência inevitável de todo orgulho e todo egotismo é a incapacidade de compreender o humano, de se aproximar dos outros, de medir a dimensão alheia. Por isso, Poe não conseguirá criar nunca uma só personagem com vida interior; o chamado romance psicológico o teria desconcertado”. Criam-se assim “personagens anormais”, para utilizar o termo cortazáriano. O material que Edgar Poe utiliza para construir os personagens é apenas o que ele possui: ele mesmo.

    Mulher Amada

    A mulher amada morta apresenta-se sempre como uma constante, e o amante é sempre o seu assassino – consciente ou inconscientemente, direta ou indiretamente. A constante relação amante/amada na obra de Poe remete ao que será falado sobre a questão do duplo, e a dialética vida/morte implícita nesta.
    O amante sempre acaba por idealizar a sua amada transformando-a em um signo, e, por conseqüência, matando-a. Citando o final do conto O Retrato Oval: “– É a vida, é a própria Vida que eu aprisionei na tela! E quando se voltou para contemplar sua esposa... Estava morta!” No conto Ligéia, se observarmos com atenção, não é Ligéia que ressuscita e sim os seus olhos, pois era a única coisa que o narrador dizia no início não conseguir definir. O resto era pura idealização, de um amante com assumida doença de memória, que só se lembrava de sua amada descrevendo-a como um mosaico de citações, ou seja, uma imagem construída por ele. Essa idealização apresenta-se como fuga, pois ao invés de relacionar-se diretamente com a mulher, e, conseqüentemente, com o lado perene da vida, o narrador prefere construir para ele um signo dela.

    Em toda a obra de Edgar Allan Poe, seja em poesia, seja em prosa, a morte é representada simbolicamente pela aparência da mulher amada. Enquanto viva (sendo idealizada), tem os cabelos negros e encaracolados; e, quando morta (já idealizada), tem os cabelos loiros e lisos – mas todas elas apresentam uma testa avantajada (originada pela crença de Poe na frenologia).

    Duplo/Morte/Espelhamento

    “O leitor deve ter em mente
    que a base de toda a arte da solução,
    no que respeita esses assuntos,
    deve ser encontrada nos princípios gerais
    da própria linguagem”. Poe

    O Duplo é presente em toda obra de Poe, justamente na época da invenção da máquina fotográfica que causou enorme impacto na época:
    O registro do objeto nunca é o próprio objeto, e sim a sua representação. Um instante congelado e eternizado em uma fotografia apenas demonstra o seu inverso: a morte e a evanescência de cada instante vivido. Qualquer signo, em relação com o objeto, é um duplo. A única foto que se tem de Poe foi tirada um dia após a sua tentativa de suicídio.
    O duplo aparece de várias formas na obra de Poe e manifesta-se tanto aos estados psicológicos quanto à linguagem e à estrutura, formando verdadeiras Gestalts compactas. Quebra-cabeças semióticos. Como disse Decio Pignatari após uma brilhante análise heurística do conto Berenice: “o conto de terror era afinal um puzzle”, e, segundo ele, o conto O Retrato Oval é uma “vinheta da alienação que o signo – a consciência do signo – produz em relação à vida”. O duplo chega até as formas mais radicais, como no conto William Wilson. Tanto a estrutura, como os procedimentos de linguagem, são decisivos para obter, nas palavras do próprio E. A. Poe, as “correntes subjacentes de significado”. Utilizando-se desses procedimentos, o escritor apresenta como constante, em toda a sua obra, uma obsessão pelos processos de inversão ou reversão do signo sobre si mesmo. Em 1925, W. Carlos Williams já percebia no escritor “o hábito, emprestado talvez da álgebra, de equilibrar suas frases no meio, ou de invertê-las na última cláusula, um sentido de jogo, como se se tratasse de objetos...”. Essa mesma fascinação de Poe foi demonstrada por Roman Jakobson no seu estudo do poema O Corvo: no refrão Never more/ Never more, tem-se o “never”: imagem especular de “raven” (corvo).

    Decio Pignatari já disse que o escritor “compõe ao revés, no componedor, palavras e frases, assim Poe endereça a linguagem à sua função poética por processos anagramáticos e hipogramáticos...”.
    Em toda obra de Poe o espelhamento é sempre uma constante. Ao compor as suas narrativas através de elaborada construção cerebral, ele rompe com a linearidade do discurso. O escritor usa de forma intensa jogos de inversão, que se manifestam tanto no nível anagramático lexical quanto na sintaxe das frases. Mas eles também aparecem na macroconstrução de todas as suas obras. A narrativa sempre é dividida em dois blocos, sendo que um é a inversão do outro.

    No poema Raven, por exemplo, a ave surge como uma projeção e exteriorização do personagem (espelhamento – duplo), para conseguir colocar para fora, através do desabafo, os seus questionamentos. Como diz Poe, na Filosofia da Composição, ele o faz pela simples “autotortura”, e, como também é dito neste ensaio, pergunta motivado pela segurança de ter o controle da situação (que ele tanto busca, por temer as suas dúvidas e incertezas), pois sabe que terá apenas uma única resposta.
    O poema, como já é de se esperar, apresenta uma estrutura dividida ao meio, sendo uma metade a inversão da outra. Na primeira, que tem como característica mais evidente o refrão “nada mais”, o personagem passa por um processo de auto-ilusão, imaginando coisas que quer que aconteçam, e banalizando os seus anseios e a sua decepção pelas ilusões que não se concretizam, com frases do tipo: “É apenas isso e nada mais”. Atitude que apenas torna patente a sua insegurança.
    Na segunda parte ocorre o inverso: a crescente e contínua desilusão do personagem é refletida na imagem do Corvo (símbolo do mau agouro), pois, como dizem Jakobson e Pignatari, a ave é aquilo que diz (a desilusão) e diz a si mesmo (como a ave, no poema, fala com o personagem, e, como foi dito, ela fala a si mesmo, ela não é nada mais nada menos que a projeção do personagem).
    Poe percebeu que na impressão tipográfica os caracteres são colocados na prensa de forma “espelhada” – o escritor deve ter tido um dos insights que originaram esta característica marcante no seu estilo. No conto Xizando um Editorial, por exemplo, foi incorporada de maneira metalingüística no seu texto.
    Podemos perceber o espelhamento de toda a estrutura em várias de suas obras. N’O Barril de Amnontillado, por exemplo, onde – na metade do conto – aparece o “intervalo entre dois colossais pilares de teto das catacumbas”, que é o elemento mais importante da narrativa.
    O conto A Queda da Casa de Usher é espelhado de várias formas diferentes. Bem no centro do texto, há um poema diagramado em ziguezague que reflete uma fenda também descendo em ziguezague bem no meio da casa, onde esta é divida no final do conto. Logo no início o narrador vê a própria casa no espelhamento do eco no lago e sente o reflexo “com um tremor ainda mais forte do que antes". Até a imagem do quadro pintado por Usher na primeira parte ecoa com o local onde ele enterra a sua irmã (o túnel ou adega).
    Na verdade, a casa e os Ushers eram uma coisa só. Existiam "janelas vazias, semelhando olhos". Os gêmeos, a casa e seu espelhamento gêmeo no lago morrem todos juntos.“Nos livros de Edgar Poe, [segundo Baudelaire] o estilo é cerrado, concatenado; (...) todas as idéias, como flechas obedientes, voam para o mesmo alvo.”

    Sons a partir de Poe

    Poe e Anton Webern

    “assim como uma intensa paixão pelas sutilezas,
    talvez mesmo mais do que pelas belezas ortodoxas
    e facilmente reconhecíveis,
    da ciência musical.”A Queda da Casa de Usher, Poe

    Podemos encontrar diversas semelhanças estruturais entre as obras poeana e weberniana. Uma delas é a fixação por formas espelhadas. Webern radicalizou o dodecafonismo schoenberguiano, com utilização das formas espelho, caranguejo e retrógrado construindo espelhamentos em todos os sentidos, construindo diamantes musicais, o que levou Herbert Eimert a denominá-lo “o arquiteto monádico da forma-espelho” – Poe foi denominado por muitos como o engenheiro dos espelhos. Assim, como o escritor, o compositor buscava montar estruturas simétricas e bipartidas, tanto nas macro como nas micro-estruturas.

    É consenso geral nomear Edgar Allan Poe como o criador dos contos curtos. Para o escritor, cada conto deveria ser lido em “uma sentada”, o que o levou a buscar sempre o máximo de concentração e brevidade. Assim também fez o compositor vienense, compondo obras que duram entre dois e três minutos, com movimentos de poucos segundos, verdadeiros haicais sonoros. Ambos usaram com muita importância tanto o silêncio quanto o espelhamento geral da estrutura.

    Outros

    Poe influenciou direta, ou indiretamente, vários outros compositores. Ravel tinha-o como grande professor de composição e Debussy – que tem como uma de suas primeiras obras-primas o Prelúdio à tarde de um fauno, a partir de um poema de Mallarmé (enorme discípulos de Poe) – passou os últimos anos tentando compor a ópera A Queda da Casa de Usher, que nunca concluiu.

    Imagens a partir de Poe


    Vários pintores e gravuristas foram influenciados por Poe, inclusive os que fizeram obras a partir de seus textos. Citaremos apenas o gravurista Gustave Doré – que fez uma série de gravuras a partir do Corvo – e Odilon Redon – pintor e artista gráfico, influenciado por Doré e amigo de Mallarmé, que fez uma série de gravuras a partir da obra de Poe.

    Ele também influenciou muito os quadrinhos, com desenhistas criando grandes obras a partir de seus contos. Falaremos apenas de dois grandes mestres/inventores: Will Eisner, que criou uma versão da Queda da Casa de Usher; e Guido Crepax, que fez ilustrações a partir do conto Os Crimes da Rua Morgue em 1951, quando era ainda estudante de arquitetura, até desenhar, em 1972, contos de Poe quando já era o mestre dessa técnica e na qual imprimiu sua leitura sadomasoquista.

    Imagens & Sons a partir de Poe

    Grande quantidade de diretores de cinema foi influenciada por criações de Poe (assim como na literatura, filosofia, etc.). Até os terríveis filmes blockbusters sobre crimes e assassinatos foram paridos das idéias poeanas.

    tradução cinematográfica de Jean Epstein para A Queda da Casa de Usher

    No conto, Roderick Usher têm hipersensibilidade dos sentidos – já no filme, Epstein faz o oposto: o narrador é que têm os sentidos muito fracos (tendo que usar uma lente para os olhos, quando quer ler; e um fone para os ouvidos, quando quer escutar).
    Epstein constrói o filme a partir de dois contos de Poe: A Queda da Casa de Usher e O Retrato Oval. No primeiro conto Roderick é irmão gêmeo de Madeline, mas no filme eles são marido e mulher (como n’O Retrato Oval, e, como neste conto, ele a pinta transformando-a em idéia, à medida que ela vai morrendo) – o filme mostra a idealização das mulheres da família Usher através de seus retratos, que criam “a idéia sobre o real”. No filme, Roderick Usher olha para o quadro (onde Madeleine até pisca os olhos) e diz: “É lá que ela vive”. Quanto mais a pintura vive, mais a mulher morre – até morrer de fato.
    No conto, Roderick e o narrador não contam para ninguém que Madeleine morreu – no filme, todos sabem e Usher tenta convencer o médico de que ela não morreu. Enquanto ele olha para a sua pintura, o mordomo e o médico passam a tampa do caixão pela frente de sua esposa pintada. No texto de Poe, apesar dos ruídos, só vemos Madeleine voltando para a casa quando ela entra no quarto – já no filme, enquanto o narrador lê para Roderick, já aparece ela saindo e, ao contrário do conto em que os Ushers morrem com a casa, infelizmente os três escapam.

    Biliografia

    Araújo, Ricardo. Edgar Allan Poe: Um Homem em Sua Sombra. Poema Alone traduzido por Augusto de Campos. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
    Bachelard, Gaston. A Água e os Sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
    Balbuena, Monique Rodrigues. Poe e Rosa à luz da cabala. Nota por Haroldo de Campos. Rio de Janeiro: Imago Editora,1994.
    Barbosa, Almiro Rolmes & Cavalheiro, Edgar, orgs. As Obras-Primas do Conto Universal. O Escaravelho de Ouro, Edgar Allan Poe. Introdução, Notas, Compilação e Traduções por Almiro Rolmes Barbosa e Edgar Cavalheiro. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1943.
    Baudelaire, Charles. Poesia e Prosa. Edgar Allan Poe, Sua Vida e Suas Obras (págs.627-656). Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2002.
    Benjamin, Walter. Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 2000.
    Cortázar, Julio. Obra crítica. vol. 2. Vida de Edgar Allan Poe (1956). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
    ________. Valise de Cronópio. Poe: o Poeta, o Narrador e o Crítico. São Paulo: Editora Perspectiva, 1993.
    Jakobson, Roman. Lingüística. Poética. Cinema. São Paulo: Editora Perspectiva, 1970.
    Mallarmé, Stéphane. Mallarmé. Poema Le Tombeau d’Edgar Allan Poe traduzido por Augusto de Campos. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002.
    Penteado, Jacob, org. Obras-Primas do Conto de Terror. O gato prêto, Edgar Allan Poe. Seleção, Introdução e Notas por Jacob Penteado. São Paulo: Livraria Martins Editora,1962.
    Pessoa, Fernando. Obra Poética em um volume. Tradução dos poemas O Corvo, Annabel Lee e Ulalume. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2005.
    Pignatari, Decio. Informação Linguagem Comunicação. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.
    ________. Semiótica e Literatura. São Paulo: Editora Perspectiva, 1974.
    Poe, Edgar Allan. A Narrativa de A. Gordon Pym. Tradução de José Marcos Mariani de Macedo. Textos críticos de F. M. Dostoievski e Charles Baudelaire. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2002.
    ________. Ficção Completa, Poesia & Ensaios. Organizados, Traduzidos e Anotados por Oscar Mendes com a colaboração de Milton Amado. Estudos biográficos e críticos por Hervey Allen, Charles Baudelaire e Oscar Mendes de uma breve cronologia e de uma bibliografia. Ilustrações de Eugênio Hirsch e Augusto Iriarte Gironaz. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 2001.
    ________. Histórias Extraordinárias. Traduzido por Brenno Silveira e outros. São Paulo: Círculo do Livro, 1973.
    ________. Il Corvo. Traduzione e Introduzione di Mario Praz. Illustrazioni di Gustave Doré. Milano: Rizzoli Editore, 1974.
    ________. “O Corvo” e suas traduções. Organizado por Ivo Barroso. Notas e dados biográficos por Ivo Barroso. Nota por Carlos Heitor Cony. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 2000.
    ________. Os Melhores Contos de. Traduzido por José Paulo Paes. Edgar Allan Poe: o que em mim sonhou está pensando; estudo crítico por Lucia Santaella. São Paulo: Círculo do Livro, 1984.
    ________. Poesia e Prosa. Traduzido por Oscar Mendes e Milton Amado. Notícia bibliográfica por Hervey Allen. Estudo crítico por Baudelaire. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d..
    ________. The Collected Tales and Poems of Edgar Allan Poe. New York: The Modern Library, 1992.
    Ravoni, Marcelo & Riva, Valerio. Il Piacre della Paura. Lady Ligeia, Dino Battaglia. Textos e desenhos sobre a influência de Poe nos quadrinhos (Will Eisner, Guido Crepax, etc.). Verona: Arnoldo Mondadori Editore, 1973.
    Selz, Jean. Odilon Redon. Paris: Flammarion, 1971.
    Silva, Fernando Correia da, org. Maravilhas do Conto Policial. Introdução e Seleção por José Paulo Paes. Os Assassinos da Rua Morgue, Edgar Allan Poe. São Paulo: Editora Cultrix, 1958.
    Xavier, Ismail, org. A Experiência do Cinema : antologia. O Cinema e as Letras Modernas, de Jean Epstein. Rio de Janeiro: Edições Graal: Embrafilme, 1983.

    FILMOGRAFIA

    Epstein, Jean & BUÑUEL, Luis. The Fall of the House of Usher. 1928.
    Fellini, Federico; Roger, Vadim & Malle, Louis. História Extraordinárias da obra de Edgar Allan Poe. 1969

    CD
    Walken, Christopher. The Raven. s.d.

    10.11.08

    Imagens & Sons a partir de Poe

    2º esboço sobre palestra que será dada nesta quinta (13) às 18h30 na Casa das Rosas — Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura —, na 3ª Mostra Curta Fantástico.


    Edgar Allan Poe

    “Há em nós uma presença obscura de Poe,
    uma latência de Poe. Todos nós,
    em algum lugar de nossa pessoa, somos ele,
    e ele foi um dos grandes porta-vozes do homem,
    aquele que anuncia o seu tempo noite adentro.”
    Cortázar

    Na obra de Poe, alguns elementos insinuados em um conto, desenvolvem-se mais amplamente em outro. O que é parte ou detalhe em um conto, torna-se espinha dorsal de outro. Cria-se, assim, um sistema de referências internas, rebatimentos de um conto a outro: duplicações, espelhamentos, labirintos textuais. Em todos os seus contos existem obsessões ficcionais. Comentaremos agora algumas destas características:

    A loucura pessoal dentro da lógica racional

    Segundo Cortázar, Edgar Allan Poe escrevia “sem compromissos exteriores, escritas a sós, divorciadas de uma realidade bem cedo considerada precária, insuficiente, falsa. E o orgulho assume ainda o matiz característico do egoísmo. Poe é um dos egoístas mais cabais da literatura. Se no fundo ignorou sempre o diálogo, a presença do tu, que é a autêntica inauguração do mundo, isto se deve ao fato de que só consigo mesmo se dignava a falar. Por isso, não lhe importava que os seres queridos o compreendessem. Bastava-lhe o carinho e o cuidado; não necessitava deles para a confidência intelectual (...). Por fim o egotismo desembocará na loucura. (...) A conseqüência inevitável de todo orgulho e todo egotismo é a incapacidade de compreender o humano, de se aproximar dos outros, de medir a dimensão alheia. Por isso, Poe não conseguirá criar nunca uma só personagem com vida interior; o chamado romance psicológico o teria desconcertado”. Criam-se assim “personagens anormais”, para utilizar o termo cortazáriano. O material que Edgar Poe utiliza para construir os personagens é apenas o que ele possui: ele mesmo.

    Cenários Fechados

    “sempre me pareceu que uma circunscrição fechada do espaço
    é absolutamente necessária para o efeito do incidente insulado”.
    Poe

    Podemos perceber em toda obra de Edgar Allan Poe, enormes coincidências nas características dos ambientes. Esses locais quase sempre herméticos, representam em todos os elementos, características simbólicas das personalidades dos personagens.

    Mulher Amada

    A mulher amada morta apresenta-se sempre como uma constante, e o amante é sempre o seu assassino – consciente ou inconscientemente, direta ou indiretamente. A constante relação amante/amada na obra de Poe remete ao que será falado sobre a questão do duplo, e a dialética vida/morte implícita nesta.
    O amante, sempre acaba por idealizar a sua amada, transformando-a em um signo, e, por conseqüência, matando-a. Citando o final do conto O Retrato Oval: “– É a vida, é a própria Vida que eu aprisionei na tela! E quando se voltou para contemplar sua esposa... Estava morta!” No conto Ligéia, se observarmos com atenção, não é Ligéia que ressuscita e sim os seus olhos, pois era a única coisa que o narrador dizia no início não conseguir definir. O resto era pura idealização, de um amante com assumida doença de memória, que só se lembrava de sua amada descrevendo-a como um mosaico de citações, ou seja, uma imagem construída por ele. Essa idealização apresenta-se como fuga, pois ao invés de relacionar-se diretamente com a mulher, e, conseqüentemente, com o lado perene da vida, o narrador prefere construir para ele um signo dela.
    Em toda a obra de Edgar Allan Poe, seja em poesia, seja em prosa, podemos perceber a morte criada a partir da construção de um signo pela própria aparência da mulher amada: enquanto “viva” no processo de idealização, tem os cabelos negros e encaracolados, e, quando morta, tem os cabelos loiros e lisos – mas todas elas apresentam uma testa avantajada (originada pela crença de Poe na frenologia).

    Duplo/Morte/Espelhamento

    “O leitor deve ter em mente
    que a base de toda a arte da solução,
    no que respeita esses assuntos,
    deve ser encontrada nos princípios gerais
    da própria linguagem”.
    Poe


    O Duplo é presente em toda obra de Poe, justamente na época da invenção da máquina fotográfica, que causou enorme impacto na época:
    O registro do objeto nunca é o próprio objeto, e sim a sua representação. Um instante congelado e eternizado em uma fotografia, apenas demonstra o seu inverso: a morte e a evanescência de cada instante vivido. Qualquer signo, em relação com o objeto, é um duplo. A única foto que se tem de Poe foi tirada um dia após a sua tentativa de suicídio.
    O duplo aparece de várias formas na obra de Poe e manifesta-se tanto aos estados psicológicos, quanto à linguagem e à estrutura, formando verdadeiras Gestalts compactas. Quebra-cabeças semióticos. Como disse Decio Pignatari, após uma brilhante análise heurística do conto Berenice: “o conto de terror era afinal um puzzle”, e, segundo ele, o conto O Retrato Oval é uma “vinheta da alienação que o signo – a consciência do signo – produz em relação à vida”. O duplo chega até as formas mais radicais, como no conto William Wilson.
    Tanto a estrutura, como os procedimentos de linguagem, são decisivos para obter, nas palavras do próprio E. A. Poe, as “correntes subjacentes de significado”. Utilizando-se esses procedimentos, o escritor apresenta como constante, em toda a sua obra, uma obsessão pelos processos de inversão ou reversão do signo sobre si mesmo. Em 1925, W. Carlos Williams já percebia no escritor “o hábito, emprestado talvez da álgebra, de equilibrar suas frases no meio, ou de invertê-las na última cláusula, um sentido de jogo, como se se tratasse de objetos...”. Essa mesma fascinação de Poe foi demonstrada por Roman Jakobson no seu estudo do poema O Corvo: no refrão Never more/ Never more, tem-se o “never”: imagem especular de “raven” (corvo).
    Decio Pignatari já disse que o escritor “compõe ao revés, no componedor, palavras e frases, assim Poe endereça a linguagem à sua função poética por processos anagramáticos e hipogramáticos...”.
    Em toda obra de Poe o espelhamento é sempre uma constante. Ao compor as suas narrativas através de elaborada construção cerebral, ele rompe com a linearidade do discurso. O escritor usa de forma intensa jogos de inversão, que se manifestam tanto no nível anagramático lexical, quanto na sintaxe das frases. Mas eles também aparecem na macroconstrução de todas as suas obras. A narrativa sempre é dividida em dois blocos, sendo que um é a inversão do outro.
    No poema Raven, por exemplo, a ave surge como uma projeção e exteriorização do personagem (espelhamento – duplo), para conseguir colocar para fora, através do desabafo, os seus questionamentos. Como diz Poe, na Filosofia da Composição, ele o faz pela simples “autotortura”, e, como também é dito neste ensaio, pergunta motivado pela segurança de ter o controle da situação (que ele tanto busca, por temer as suas dúvidas e incertezas), pois sabe que terá apenas uma única resposta.
    O poema, como já é de se esperar, apresenta uma estrutura dividida ao meio, sendo uma metade uma inversão da outra. Na primeira, que tem como característica mais evidente o refrão “nada mais”, o personagem passa por um processo de auto-ilusão, imaginando coisas que quer que aconteçam, e banalizando os seus anseios e a sua decepção pelas ilusões que não se concretizam, com frases do tipo: “É apenas isso e nada mais”. Atitude que apenas torna patente a sua insegurança.
    Na segunda parte ocorre o inverso: a, crescente e contínua, desilusão do personagem é refletida na imagem do Corvo (símbolo do mau agouro), pois, como dizem Jakobson e Pignatari, a ave é aquilo que diz (a desilusão) e diz a si mesmo (como a ave, no poema, fala com o personagem, e, como foi dito, ela fala a si mesmo, ela não é nada mais nada menos que a projeção do personagem).
    Poe percebeu que na impressão tipográfica os caracteres são colocados na prensa de forma “espelhada” – o escritor deve ter tido um dos insights que originou esta característica marcante no seu estilo. No conto Xizando um Editorial, por exemplo, foi incorporada de maneira metalingüística no seu texto.
    Podemos perceber o espelhamento de toda a estrutura em várias de suas obras, como n’O Barril de Amnontillado, onde – na metade do conto – aprece o “intervalo entre dois colossais pilares de teto das catacumbas”, que é o elemento mais importante do conto; e na Queda da Casa de Usher, que tem um poema bem no centro do conto, como se fosse a “fenda (...) descendo em ziguezague” pelo meio da casa (com “janelas vazias, semelhando olhos”) no ponto onde ela é rompida no final do conto – o rosto da casa é morto junto com os Ushers –, e logo no início o narrador vê a própria casa no espelhamento do eco no lago “– com um tremor ainda mais forte do que antes”. Até a imagem do quadro pintado por Usher na 1ª parte ecoa com o local onde ele enterra a sua irmã (o túnel ou adega). “Nos livros de Edgar Poe, [segundo Baudelaire] o estilo é cerrado, concatenado; (...) todas as idéias, como flechas obedientes, voam para o mesmo alvo.”

    “No caso presente – assim como em todos os casos de escrita cifrada – a primeira questão diz respeito à linguagem”. (O Escaravelho de Ouro, Poe)

    Não Palavra

    No conto O Poder das Palavras, ele afirma que a emissão das palavras modifica toda a estrutura do cosmos, alterando o curso das estrelas, criando e tirando vida. Como resposta ao uso banalizado que julgava ser feito das palavras na sua época, Edgar Poe explorou também a não-palavra, acreditando também que somente assim determinados sentimentos e impressões poderiam ser expressos.


    Fixação de Poe pelos pêndulos

    “O pêndulo oscilava para lá e para cá...”
    A Máscara da Morte Rubra, Poe

    Uma característica presente em toda a obra de Edgar Poe é a fixação por movimentos pendulares, presentes tanto nos textos quanto nas próprias estruturas. Podemos observar tanto em exemplos óbvios, como O Poço e o Pêndulo entre outros, como na estrutura de poemas, como The Bells, ou na própria repetição nothing more/ nevermore, do poema O Corvo. Não raro os movimentos pendulares são associados aos ciclos naturais e cósmicos; e principalmente à morte como, por exemplo, no Colóquio Entre Monos e Una onde lemos a seguinte descrição de desfalecimento: “E então, do aniquilamento e do caos dos sentidos normais pareceu-se ter-se erguido dentro de mim um sexto sentido, inteiramente perfeito.(...) Deixa-me denominá-la uma pulsação mental pendular. Era a corporificação moral da idéia abstrata que o homem tem do Tempo. Em absoluta consonância com esse movimento – ou coisa equivalente – é que os ciclos dos próprios orbes celestiais foram ajustados.”

    Sons a partir de Poe

    Poe e Anton Webern

    “assim como uma intensa paixão pelas sutilezas,
    talvez mesmo mais do que pelas belezas ortodoxas
    e facilmente reconhecíveis,
    da ciência musical.”
    A Queda da Casa de Usher, Poe

    Podemos encontrar diversas semelhanças estruturais na obra poeana e weberniana. Uma delas é a fixação por formas espelhadas. Webern radicalizou o dodecafonismo schoenberguiano, com utilização das formas espelho, caranguejo e retrógrado construindo espelhamentos em todos os sentidos, construindo diamantes musicais, o que levou Herbert Eimert denominá-lo “o arquiteto monádico da forma-espelho” – Poe foi denominado por muitos como o engenheiro dos espelhos. Assim, como o escritor, o compositor buscava montar estruturas simétricas e bipartidas, tanto nas macro como nas micro-estruturas.
    É um consenso geral nomear Edgar Allan Poe como o criador dos contos curtos. Para o escritor, cada conto deveria ser lido em “uma sentada”, o que o levou a buscar sempre o máximo de concentração e brevidade. Assim também fez o compositor vienense, compondo obras que duram entre dois e três minutos, com movimentos de poucos segundos, verdadeiros haicais sonoros. Ambos usaram com muita importância tanto o silêncio, quanto o espelhamento geral da estrutura.

    Poe e Bach

    No poema The Raven, por exemplo, a repetição constante do nothing more / nevermore atua como um baixo contínuo durante todo o poema, com uma alteração na sua metade, o que é uma característica marcante na música barroca, assim como as constantes repetições e estruturas simétricas.
    É importante salientar a obra de Bach como grande alicerçadora do sistema temperado de afinação e das regras harmônicas presentes por séculos na música erudita ocidental: o chamado tonalismo – aonde todas as notas giram em torno de um mesmo centro tonal – assim como continuam várias estruturas criadas por Poe na literatura. Podemos encontrar na “Filosofia da Composição” fragmentos que realçam este raciocínio (tonal): “(...) fazendo com que os incidentes e, especialmente, o tom da obra tendam para o desenvolvimento de sua intenção. (...) Estando assim determinados (...) o tom, entreguei-me à indução normal, a fim de obter algum efeito artístico agudo que me pudesse servir de nota – chave na construção do poema, algum eixo sobre que toda a estrutura devesse girar.(...) Resolvi fazer diversamente, e assim elevar o efeito, aderindo, em geral à monotonia do som, porém continuamente variando na idéia; isto é, decidi produzir continuamente novos efeitos pela variação da aplicação do estribilho, permanecendo este, na maior parte das vezes, invariável.”

    Outros

    Poe influenciou direta, ou indiretamente, vários outros compositores. Ravel tinha-o como grande professor de composição, e Debussy – que tem como uma de suas primeiras obras-primas o Prelúdio à tarde de um fauno, a partir de um poema de Mallarmé (enorme discípulos de Poe) – passou os últimos anos tentando compor a ópera A Queda da Casa de Usher, que nunca concluiu.

    Imagens a partir de Poe

    Vários pintores e gravuristas foram influenciados por Poe, inclusive os que fizeram obras a partir de seus textos. Citaremos apenas o gravurista Gustave Doré – que fez uma série de gravuras a partir do Corvo – e Odilon Redon – pintor e artista gráfico, influenciado por Doré e amigo de Mallarmé, que fez uma série de gravuras a partir da obra de Poe.
    Ele também influenciou muito os quadrinhos, com desenhistas criando grandes obras a partir de seus contos. Falaremos apenas de dois grandes mestres/inventores que trabalharam a partir de seus contos: Will Eisner, que criou uma versão da Queda da Casa de Usher; e Guido Crepax, que fez ilustrações a partir do conto Os Crimes da Rua Morgue em 1951, quando era estudante de arquitetura, até desenhar, em 1972, contos de Poe com a sua grande técnica de quadrinhos (e cheio do seu lado sadomasoquista).

    Imagens & Sons a partir de Poe

    Uma grande quantidade de diretores de cinema foi influenciada por criações de Poe (assim como na literatura, filosofia, etc.). Até os terríveis filmes blockbusters sobre crimes e assassinatos pariram das idéias poeanas. Ficaremos em poucos exemplos, que foram realmente feitos a partir de obras de Edgar Allan Poe.

    tradução cinematográfica de Jean Epstein para A Queda da Casa de Usher

    No conto, Roderick Usher têm como doença uma hipersensibilidade dos sentidos – já no filme, Epstein faz o oposto: o narrador é que têm os sentidos muito fracos (tendo que usar uma lente para os olhos, quando quer ler; e um fone para os ouvidos, quando quer escutar).
    Epstein constrói o filme a partir de dois contos de Poe: A Queda da Casa de Usher e O Retrato Oval. No primeiro conto Roderick é irmão gêmeo de Madeline, mas no filme eles são marido e mulher (como n’O Retrato Oval, e, como neste conto, ele a pinta transformando-a em idéia, conforme ela vai morrendo) – até nos textos que aparecem no filme está escrito que é nas pinturas onde as mulheres da família Usher tornam-se “a idéia sobre o real”. No filme, Roderick Usher olha para o quadro (onde Madeleine até pisca os olhos) e diz: “É lá que ela vive”. Quanto mais a pintura vive, mais a mulher morre – até morrer de fato.
    No conto, Roderick e o narrador não contam para ninguém que a Madeline morreu – no filme, todos sabem e Usher tenta convencer o médico de que ela não morreu. Enquanto ele olha para a sua pintura, o mordomo e o médico passam a tampa do caixão pela frente de sua esposa pintada. No texto de Poe, apesar dos ruídos, só vemos Madeleine voltando para a casa quando ela entra no quarto – já no filme, enquanto o narrador lê para Roderick, já aparece ela saindo e, ao contrário do conto, que os Ushers morrem com a casa (e várias vezes é citado que os Ushers são a casa) infelizmente os três escapam.


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    FILMOGRAFIA

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    Fellini, Federico; Roger, Vadim & Louis Malle. História Extraordinárias da obra de Edgar Allan Poe. 1969

    CD
    Walken, Christopher. The Raven. s.d.

    4.11.08

    Liberdade Condicional


    de Tomás Senna