• tacet: 08/2010

    30.8.10

    Com Villa-Lobos (lançamento)


    Encontro com o autor
    Lançamento do livro Com Villa-Lobos (EDUSP) e bate-papo com o autor e compositor Willy Corrêa de Oliveira. O livro analisa a obra do músico brasileiro Heitor Villa-Lobos e traz também várias pinturas do artista plástico e jornalista Enio Squeff, que serão expostas por ocasião do evento.
    Dia 31, das 18h30 às 20h30
    Biblioteca Mário de Andrade
    Rua da Consolação, 94
    Telefone: 3256 5270
    ___________________________________________
    Ficha técnica

    Título: Com Villa-Lobos
    Autor: Willy Corrêa de Oliveira
    Pinturas: Enio Squeff
    Produção: Henrique P. Xavier
    Projeto Gráfico e Capa: Henrique P. Xavier
    Imagem da Capa e Cartão: Thais Vilanova & Paulo Vidal de Castro
    Fotos das Pinturas: Ronie Prado
    Tratamento de Imagens: Henrique P. Xavier
    Editoração Eletrônica: Henrique P. Xavier
    Revisão de Provas: Leonardo Ortiz Matos
    Editora: Edusp
    Formato: 16 X 21 cm
    Ano de publicação: 2009
    Preço: R$ 39,00
    ISBN: 8531411998
    ISBN-13: 9788531411991

    4.8.10

    Cinco advertências sobre a Voragem – Willy Corrêa de Oliveira


    Recital com o pianista Mauricio De Bonis e a soprano Caroline De Comi executando obras de Willy Corrêa de Oliveira. Junto acontecerá o lançamento de seu ultimo livro: 5 advertências sobre a Voragem

    Projeto Música para Todos – Ciclo de Música Erudita
    Concerto: Canções e peças para piano de Willy Corrêa de Oliveira
    Repertório:
    Lluvia, para canto e piano - versos de Manoel Altolaguirre
    Song, para canto e piano - versos de Seamus Heaney
    Miserere, ciclo de peças para piano
    Infância (1ª versão) para canto e piano - versos de João Cabral de Melo Neto
    Infância (2ª versão) para canto e piano - versos de João Cabral de Melo Neto
    Infância (3ª versão) para canto e piano - versos de João Cabral de Melo Neto
    Teatro Coletivo Rua da Consolação, 1623
    Dia 06 de agosto (sexta-feira), 21h
    Entrada Franca
    Informações: (11) 3255 5922

    sobre o livro:
    título: Cinco advertências sobre a Voragem
    autor: Willy Corrêa de Oliveira
    revisão: Alexandre Barbosa de Souza
    projeto gráfico: Paulo Vidal de Castro & Thais Vilanova
    colaboradores: André de Cillo Rodrigues, Lauren Couto Fernandes, Thiago Senna, João Daniel, Luis Felipe S. Corrêa, Carlos Zeron, Marcelo Martorelli Vessoni e Jorge de Almerida
    editora: Luzes no Asfalto
    tipos: Minion Pro & Meta
    número de páginas: 224

    Retrato do artista em movimento

    Ao longo de aulas reunidas em Cinco Advertências Sobre a Voragem, o compositor Willy Corrêa de Oliveira relembra a sua trajetória - dos anos de comunismo até a retomada do ''anseio pela arte''

    João Marcos Coelho, O Estado de S.Paulo
    23 Outubro 2010 | 00h00

    Escrever música, para mim, tornou-se algo semelhante a um louco que aplacasse sua loucura escrevendo cartas; como não dispõe de destinatário, não tem para quem escrever, com quem se corresponder, escreve para si mesmo. Vai ao correio, como todo mundo que tem cartas para enviar, sela, e manda para seu próprio endereço. E aguarda. E continua a escrever outras.
    Mandar cartas sonoras para si mesmo é como esperar Godot, "rien à faire". "E agora, José?", não há mais por que lutar após a Queda do Muro de Berlim; não há sentido mais em fazer música nas portas de fábricas. E muito menos em reassumir o posto de compositor contemporâneo burguês. O que fazer? Escrever música, apesar de tudo. Música como "muleta, a arte como consolação, como um meio de escapar da morte. Isso! Escrever músicas tornou-se pra mim, ao mesmo tempo que um lenitivo, um diálogo de vida ou morte com a criação".
    Há um sentimento claro de desesperança e resignação no núcleo mais profundo do novo livro do compositor Willy Corrêa de Oliveira, Cinco Advertências sobre a Voragem. Willy é um dos mais importantes criadores e pensadores musicais brasileiros do último meio século. Sua ideia-mestra nas cinco aulas no Departamento de História da USP transcritas no livro é dupla: aos historiadores, recomenda que pensem a música como sinal do mundo; e aos músicos, que escutem a História como um sinal que perpassa a música.
    Mas, aos 72 anos, ele as acaba transformando em mais uma entre várias recriações obsessivas de seu trajeto como compositor. As duas primeiras - Como me tornei um compositor e O artista incompreendido - já são de há muito conhecidas. Entretanto, sua leitura entusiasma. Mesmo para quem sabe de cor as passagens de Hanns Eisler e Bertolt Brecht que ele não se cansa de repetir (com notável verve, reconheça-se).
    Vocábulos bíblicos pululam nas páginas da surpreendente terceira advertência, intitulada O artista comunista. Dúvidas atrozes rondavam seu dia a dia. Treze páginas, sobretudo, são antológicas. Qual Saulo de Tarso, o perseguidor dos cristãos na Roma antiga que ajudou a apedrejar Estevão e converteu-se no apóstolo Paulo ao ter uma visão a caminho de Damasco, Willy converteu-se assistindo a uma encenação do Moteto dos Passos de Cristo na Sexta-Feira Santa de 1982 em Prados, Minas Gerais. "Foi estranhíssimo, me veio assim uma certeza assim avassaladora mesmo, alucinante: Deus existe (...) uma certeza tão irredutível que, puxa vida, assustei-me a princípio (...) Mas como: mas como é que é? E a dialética?... (...) Falei com um grande amigo do partido que eu estava com todos estes problemas e ele perguntou: "você deixou de ser comunista por isso?" Respondi: "Em nenhum momento" (...) Ele disse: "Então não levanta esse problema, deixa isso pra lá e continua a sua vida." Impossível não lembrar dos dilemas de Don Peppone, o folclórico prefeito comunista e católico às voltas com o pároco Don Camillo nas historietas de Giovanni Guareschi. A comicidade aumenta quando lembra uma aula sobre a série dodecafônica de Schoenberg na USP. "Eu ria tanto, dizia para os alunos "mas isto é uma estupidez tão grande". O mundo nesta situação e eu falando aqui que não posso repetir uma nota antes das outras doze"..."
    A questão fundamental era conciliar sua condição de comunista com a prática de uma "arte burguesa" como a música contemporânea. "Essa é outra das mudanças que causaram na minha vida aquele caminho de Damasco, aquele momento de dizer: como é que posso ser comunista e fazer uma música tão... tão não comunista." Passou a testar cada composição junto aos trabalhadores do ABC. Mas, em 1989, aquele mundo ruiu. Assistimos a uma dolorosa autoanálise em O artista comunista após a Queda do Muro de Berlim. "De certo modo, o meu mundo caiu, como cantava a Maísa. (...) O trabalho simplesmente não teve continuação."
    Necessidade. Willy é preciso. Foi dramática sua recaída na música burguesa, depois de assistir a O Sacrifício, de Tarkovski. "Eu sentia aquela necessidade (de novo) de arte... e o pior de tudo, arte no velho sentido burguês da palavra; (...) Meu Deus, que desgraça! O mundo como está, tudo isso acontecendo e eu ainda agora quero voltar a ser artista! Não acredito!" (...) Então comecei a ter uma necessidade, não nostalgia, uma necessidade exasperante de arte."
    A questão passou a ser que tipo de material usar para compor. Tarkovski levou-o ao universo da cultura japonesa e ao fascínio pela ikebana, a arte de compor vasos de flores. "Cada ikebana é uma expressão, manifestação das relações do homem com a terra e com o cosmo (...) e me propus a escrever peças musicais como se estivesse compondo um vaso de ikebana." Sua filha Susana cantarolou uma canção infantil que ouvira em Belém, onde Willy morou, e ele completou-a ao piano. Foi seu primeiro ikebana musical. "Foi a primeira satisfação que tive ao voltar a... trabalhar com arte... (uma maneira velha de lidar com a arte), um regozijo interior diante de algo que se concretizava assustadoramente, e amenizava algumas mazelas que eu andava sofrendo com o mundo."
    Naquele momento - e esta é sua fase atual -, Willy reconhece "as coisas ruins do mundo acontecendo mais e mais", porém confessa que "cada vez eu fui... tendo vontade de fazer arte, e arte naquele velho, decrépito sentido... Arte consoladora, expressão do "eu", lirismo cansativo. De qualquer modo, havia, agora, uma novidade (...); eu não fazia mais uma arte nem para o homem do futuro, nem para o homem do passado, "pra homem nenhum botar defeito"... Eu fazia porque precisava dela."
    Recupera até o estilo, conceito que usara anteriormente para esculhambar Stravinsky, argumentando que "escrevo pra mim mesmo, e para aplacar as necessidades inquestionáveis de arte; consciente, também, de que não tem nada desse negócio de "artista", "personalidade", "estilo". Mas no fundo, o estilo, sempre ele está aí, quer dizer... mas muito mais solto, porque... não estou tão preso a todos aqueles conceitos que a gente trabalhou durante tanto tempo no passado, acriticamente".
    Chegamos a 2008 - e à longa entrevista concedida ao Estado e ao artigo sobre as Cirandas em que reabilitou Villa-Lobos. "Foi nesse momento, em meio à catástrofe do socialismo e à mais imediata e fétida decomposição final do cadáver capitalista, que voltei a ler Joyce e ouvir Chopin. (...) Mas acho que se tudo continuar como está, os dias que me restam, haverei de vivê-los ouvindo Chopin. Chopin, Joyce, o inconfundível e súbito anseio pela arte, no fundo são parte de mim, no fundo. Sou isto também."
    "E no entanto é preciso cantar/ Mais que nunca é preciso cantar." O verso de Carlos Lyra tem a ver com o estado de espírito de Willy hoje. É preciso cantar, mas cantar a memória. A partir da leitura dos escritos do português Vergílio Ferreira surgiu o Willy memorialista. "É uma literatura feita do sentimento que você tem... na memória (...) E isto foi me dando novamente essa satisfação no campo da arte: de... trabalhar a memória, de... falar de coisas que tinha vivido. Porque eu estava escrevendo sobretudo pra mim mesmo. (...) Não tenho mais uma comunidade com a qual me identifique a ponto de pôr minha arte a serviço dela."
    Willy não é de desistir. A descrição de seu itinerário pode parecer um gasto videoteipe dos anos 80. Até os autores-âncora e os textos são os mesmos. Mas é instrutivo observar um criador na sua maturidade reconhecendo que termina seu ciclo virtuoso como começou: "Hoje, no auge do capitalismo (e por causa disso, da inexistência de uma linguagem musical e erudita comum, falada por todo mundo), tudo que ouço não responde às indagações e necessidades que reclamo e necessito da arte. (...) Escrever músicas também me faz um grande bem: é aí que me entretenho (e também me angustio, outro tanto) em confeccionar respostas concretas para os anseios, para as perguntas que me ocupam. Pode ser que não satisfaçam a ninguém além de mim, mas, nesta hora do mundo, foi assim que encontrei jeito de sobreviver..."

    3.8.10

    Rainer Maria Rilke: Poemas


    Initiale

    Aus unendlichen Sehnsüchten steigen
    endliche Taten wie schwache Fontänen,
    die sich zeitig und zitternd neigen.
    Aber, die sich uns sonst verschweigen,
    unsere fröhlichen Kräfte – zeigen
    sich in diesen tanzenden Tränen.


    título: Poemas
    autor: Rainer Maria Rilke
    tradução (livro bilíngüe), seleção e notas: Geir Campos
    revisão: Alexandre Barbosa de Souza
    projeto gráfico: Paulo Vidal de Castro & Thais Vilanova
    editora: Luzes no Asfalto
    formato: 14 x 21 cm
    número de páginas: 120
    tiragem: 1000
    tipo: Rialto Piccolo
    preço: r$ 38,00
    isbn: 8561530057
    isbn-13: 9788561530051

    Schlußstück

    Der Tod ist groß.
    Wir sind die Seinen
    lachenden Munds.
    Wenn wir uns mitten im Leben meinen,
    wagt er zu weinen
    mitten in uns.