Jim Jarmusch
Down By Law começa com três homens que se conhecem na prisão e fogem juntos. Existe uma diferença entre os americanos (os músicos Tom Waits e John Lurie) e o estrangeiro (Roberto Benigni), mas eles acabam tendo um contato. A partir deste contato, eles fogem e inicia-se um road movie.
A coisa é parecida no Dead Man: um homem da cidade (Johnny Depp) chega a um estranho interior e começa a ser perseguido, como uma fuga da prisão (no caso, da morte — apesar de já estar quase morto) e se junta a um índio preconceituoso com os brancos (que eram preconceituosos com os índios). Ambos fogem também, como um road movie em preto e branco (com elementos de Western).
Em Daunbailó, o italiano tinha uma grande paixão pelo poeta americano Walt Whitman, e sempre lê os seus poemas.
Em Dead Man, o índio Ninguém (Gary Farmer) sofre preconceito dos brancos e dos índios, por ser filho de pai e mão de tribos diferentes. Os problemas que ele teve na vida o fizeram (entre outras coisas) ir estudar na Europa, e lá ele conheceu a poesia de William Blake, que virou o seu grande mestre. O branco certinho (Depp) se chamava William Blake, apesar de não saber quem é o pintor e poeta (o índio tem uma cultura bem maior que os brancos caipiras). O Ninguém o toma como uma reencarnação do Blake, mas que troca a poesia por assassinato — e o certinho Blake, que não era de fato um assassino (como todos achavam), acaba se tornando um.
Na verdade, o filme é bem mais do que isso (e bem mais que uma semelhança com o Down By Law), a começar pela introdução, com o William Blake sentado no trem até o ponto final, numa grande seqüência de pessoas muito diferentes dele no mesmo trem, cortado sempre por fades para tela preta (telas pretas que são um bom recurso durante todo o filme), para aparecer depois as rodas do trem girando no trilho (com uma trilha muito boa e simples do Neil Young) cortando para o Blake sempre no mesmo local, mas cercado por pessoas mais diferentes (e piores), como se estivesse cada vez mais perto do inferno.
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OS FILMES DA "VIRADA DAS VAMPIRAS"
Mostra com 12 filmes de vampiras, legendados em português, e organizada por Carlos Reichenbach e Leopoldo Tauffenbach.
Dia 26 de abril (sábado)
18h - VAMPIRAS (Vampyres) de José Ramón Larraz - Inglaterra/Espanha, 1974
20h - A PROMETIDA DE DRÁCULA (La Fiancée de Dracula) de Jean Rollin - França, 2002
22h - O INFERNO DE DRÁCULA (Evil of Drácula) de Michio Yamamoto - Japão, 1974
Dia 27 de abril (domingo)
00h - SANGUE DE VIRGENS (Sangre de Virgines) de Emilio Vieyra - Argentina, 1967
02h - A BONECA VAMPIRA (Vampyre Doll) de Michio Yamamoto - Japão, 1970
04h - A VAMPIRA NUA (La Vampire Nue) de Jean Rollin - França, 1970
06h - ALUCARDA (Alucarda) de Juan Lopez Monctezuma - México, 1978
08h - O ÊXTASE DO VAMPIRO (Vampiros´s Extasis) de Joseph Sarno - Alemanha, 1973
10h - SANTO CONTRA AS MULHERES VAMPIRAS (Santo Contra las Mujeres Vampiro) de Alfonso Corona Blake - México, 1962
12h - A LOUCURA DOS VAMPIROS (Lê Frisson dês Vampires) de Jean Rollin - França, 197114h - A ORGIA NOTURNA DOS VAMPIROS (La Orgia Nocturna de los Vampiros) de Leon Klimovsky - Espanha, 1973
16h - LÁBIOS DE SANGUE (Lévres de Sang) de Jean Rollin - França, 1975
O quê: Virada das Vampiras, na Virada Cultural
Quando: A partir das 18h do dia 26 de abril até as 16h do dia 27
Onde: Sala Olido - Av. São João, 473 - Centro
Quanto: GRÁTIS
"Não percam: o ultra erótico "VAMPIRAS", de Larraz, o hilário SANTO CONTRA AS MULHERES VAMPIRAS, de Corona Blake, e "LÁBIOS DE SANGUE", o filme mais poético e pessoal de Jean Rollin (o preferido do diretor)." (Carlos Reichenbach)
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Vale a pena também ver a mostra de DVDs na mostra VIDA LOUCA, VIDA INTENSA - UMA VIAGEM PELA CONTRACULTURA que está acontecendo no Sesc Pompéia. Filmes de William Burroughs, D.A. Pennebaker, Alejandro Jodorowsky, Ken Russell, Andy Warhol, David Cronenberg e outros. São DVDs que são fáceis de comprar (a maioria da grande Magnus Opus) e eu mesmo tenho quase todos, mas a entrada é franca.