• tacet: 04/2008

    25.4.08

    Jim Jarmusch

    Na segunda-feira, eu assisti ao filme Dead Man, dirigido pelo Jim Jarmusch (do grande Coffee and Cigarettes). Gostei muito do filme, e o que chamo muito a minha atenção é a sua semelhança com o seu filme 10 anos mais velho, o Down By Law, (mas achei muito melhor). Ambos têm a bela fotografia em branco e preto.
    Down By Law começa com três homens que se conhecem na prisão e fogem juntos. Existe uma diferença entre os americanos (os músicos Tom Waits e John Lurie) e o estrangeiro (Roberto Benigni), mas eles acabam tendo um contato. A partir deste contato, eles fogem e inicia-se um road movie.

    A coisa é parecida no Dead Man: um homem da cidade (Johnny Depp) chega a um estranho interior e começa a ser perseguido, como uma fuga da prisão (no caso, da morte — apesar de já estar quase morto) e se junta a um índio preconceituoso com os brancos (que eram preconceituosos com os índios). Ambos fogem também, como um road movie em preto e branco (com elementos de Western).


    Em Daunbailó, o italiano tinha uma grande paixão pelo poeta americano Walt Whitman, e sempre lê os seus poemas.
    Em Dead Man, o índio Ninguém (Gary Farmer) sofre preconceito dos brancos e dos índios, por ser filho de pai e mão de tribos diferentes. Os problemas que ele teve na vida o fizeram (entre outras coisas) ir estudar na Europa, e lá ele conheceu a poesia de William Blake, que virou o seu grande mestre. O branco certinho (Depp) se chamava William Blake, apesar de não saber quem é o pintor e poeta (o índio tem uma cultura bem maior que os brancos caipiras). O Ninguém o toma como uma reencarnação do Blake, mas que troca a poesia por assassinato — e o certinho Blake, que não era de fato um assassino (como todos achavam), acaba se tornando um.

    Na verdade, o filme é bem mais do que isso (e bem mais que uma semelhança com o Down By Law), a começar pela introdução, com o William Blake sentado no trem até o ponto final, numa grande seqüência de pessoas muito diferentes dele no mesmo trem, cortado sempre por fades para tela preta (telas pretas que são um bom recurso durante todo o filme), para aparecer depois as rodas do trem girando no trilho (com uma trilha muito boa e simples do Neil Young) cortando para o Blake sempre no mesmo local, mas cercado por pessoas mais diferentes (e piores), como se estivesse cada vez mais perto do inferno.
    _________________________________________
    OS FILMES DA "VIRADA DAS VAMPIRAS"
    Mostra com 12 filmes de vampiras, legendados em português, e organizada por Carlos Reichenbach e Leopoldo Tauffenbach.
    Dia 26 de abril (sábado)
    18h - VAMPIRAS (Vampyres) de José Ramón Larraz - Inglaterra/Espanha, 1974
    20h - A PROMETIDA DE DRÁCULA (La Fiancée de Dracula) de Jean Rollin - França, 2002
    22h - O INFERNO DE DRÁCULA (Evil of Drácula) de Michio Yamamoto - Japão, 1974
    Dia 27 de abril (domingo)
    00h - SANGUE DE VIRGENS (Sangre de Virgines) de Emilio Vieyra - Argentina, 1967
    02h - A BONECA VAMPIRA (Vampyre Doll) de Michio Yamamoto - Japão, 1970
    04h - A VAMPIRA NUA (La Vampire Nue) de Jean Rollin - França, 1970
    06h - ALUCARDA (Alucarda) de Juan Lopez Monctezuma - México, 1978
    08h - O ÊXTASE DO VAMPIRO (Vampiros´s Extasis) de Joseph Sarno - Alemanha, 1973
    10h - SANTO CONTRA AS MULHERES VAMPIRAS (Santo Contra las Mujeres Vampiro) de Alfonso Corona Blake - México, 1962
    12h - A LOUCURA DOS VAMPIROS (Lê Frisson dês Vampires) de Jean Rollin - França, 197114h - A ORGIA NOTURNA DOS VAMPIROS (La Orgia Nocturna de los Vampiros) de Leon Klimovsky - Espanha, 1973
    16h - LÁBIOS DE SANGUE (Lévres de Sang) de Jean Rollin - França, 1975

    O quê: Virada das Vampiras, na Virada Cultural
    Quando: A partir das 18h do dia 26 de abril até as 16h do dia 27
    Onde: Sala Olido - Av. São João, 473 - Centro
    Quanto: GRÁTIS

    "Não percam: o ultra erótico "VAMPIRAS", de Larraz, o hilário SANTO CONTRA AS MULHERES VAMPIRAS, de Corona Blake, e "LÁBIOS DE SANGUE", o filme mais poético e pessoal de Jean Rollin (o preferido do diretor)." (Carlos Reichenbach)
    ____________________________________________
    Vale a pena também ver a mostra de DVDs na mostra VIDA LOUCA, VIDA INTENSA - UMA VIAGEM PELA CONTRACULTURA que está acontecendo no Sesc Pompéia. Filmes de William Burroughs, D.A. Pennebaker, Alejandro Jodorowsky, Ken Russell, Andy Warhol, David Cronenberg e outros. São DVDs que são fáceis de comprar (a maioria da grande Magnus Opus) e eu mesmo tenho quase todos, mas a entrada é franca.

    15.4.08

    Beatriz Roman

    Brasileira que é uma das maiores pianistas do mundo, com grande amizade de compositores como Gilberto Mendes e o falecido John Cage. Deste, ela tocará Music for Marcel Duchamp para piano preparado, seguido por obras de outros norte-americanos ainda vivos: Duckworth, Rzewski e o grande Crumb, com obras a partir de Mozart e Thelonious Monk.
    Todos os recitais dela são muito bons e imperdíveis.

    John Cage — Music for Marcel Duchamp
    William Duckworth — The Time Curve Preludes — Book One — Prelúdios I—V—VII—XII
    Frederic Rzewski — Winnsboro Cotton Mill Blues — North American Ballads Nº4
    George Crumb — Eine Kleine Mitternachtmusik
          Ruminations on Round Midnight by Thelonious Monk
             1.Nocturnal Theme
             2.Charade
             3.Premonition
             4.Cobweb And Peaseblossom (Scherzo)
             5.Incantation
             6.Golliwog Revisited
             7.Blues In The Night
             8.Cadenza With Tolling Bells
             9.Midnight Transformation

    23/04/2008 — Quarta-feira, 19h
    CAIXA Cultural — Grande Salão
    Praça da Sé, 111 — Centro.
    Tel.: (11) 3321-4400.
    $ Grátis

    6.4.08

    Willy Corrêa de Oliveira & Florivaldo Menezes






















    3.4.08

    (Paulo Gori) Xará & Bela (Juliana D’Agostini) no mesmo domingo

    Paulo Gori


    Tocará os dois livros de Prelúdios para piano escritos na última fase do grande compositor do séc. XX (e de todos os tempos): Claude Debussy. Com diferentes títulos, tem até o 3º verso do poema Harmonie du Soir, de Baudelaire: Les sons et les parfums dans l’air du soir.


    Harmonie du Soir

    Voici venir les temps où vibrant sur sa tige
    Chaque fleur s'évapore ainsi qu'un encensoir;
    Les sons et les parfums tournent dans l'air du soir;
    Valse mélancolique et langoureux vertige!

    Chaque fleur s'évapore ainsi qu'un encensoir;
    Le violon frémit comme un coeur qu'on afflige;
    Valse mélancolique et langoureux vertige!
    Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir.

    Le violon frémit comme un cœur qu'on afflige,
    Un cœur tendre, qui hait le néant vaste et noir!
    Le ciel est triste et beau comme un grand reposoir;
    Le soleil s'est noyé dans son sang qui se fige.

    Un cœur tendre, qui hait le néant vaste et noir,
    Du passé lumineux recueille tout vestige!
    Le soleil s'est noyé dans son sang qui se fige...
    Ton souvenir en moi luit comme un ostensoir!


    Harmonia Da Tarde


    Chegado é o tempo em que, vibrando o caule virgem,
    Cada flor se evapora igual a um incensório;
    Sons e perfumes pulsam no ar quase incorpóreo;
    Melancólica valsa e lânguida vertigem!


    Cada flor se evapora igual a um incensório;
    Fremem violinos como fibras que se afligem;
    Melancólica valsa lânguida vertigem!
    É triste e belo o céu como um grande oratório.


    Freme violinos como fibras que se afligem,
    Almas ternas que odeiam o nada vasto e inglório!
    É triste e belo o céu como um grande oratório;
    O sol se afoga em ondas que de sangue o tingem.


    Almas ternas que odeiam o nada vasto e inglório
    Recolhem do passado as ilusões que o fingem!
    O sol se afoga em ondas que de sangue o tingem...
    Fulge a tua lembrança em mim qual ostensório!

    Préludes
    Livro I 1910
    1. Danseuses de Delphes (Dançarinas de Delfos)
    2. Voiles (Velas)
    3. Le vent dans la plaine (O vento na planície)
    4. “Les sons et les parfums tournent dans l’air du soir“ (Sons e perfumes giram pelo ar noturno; ou: Os sons e os perfumes dançam no ar da noite; ou: Sons e perfumes pulsam no ar quase incorpóreo; poema de Baudelaire)
    5. Les collines d’Anacapri (As colinas de Anacapri)
    6. Des pas sur la neige (Passos na neve)
    7. Ce qu’a vu le vent d’ouest (O que viu o vento oeste)
    8. La fille aux cheveux de lin (A menina dos cabelos de linho)
    9. La sérénade interrompue (A serenata interrompida)
    10. La cathédrale engloutie (A catedral submersa)
    11. La danse de Puck (A dança de Puck)
    12. Minstrels (Menestréis)

    Livro II 1913
    1. Brouillards (Névoas)
    2. Feuilles mortes (Folhas mortas)
    3. La Puerta del Vino
    4. Les fées sont d’exquises danseuses (As fadas são delicadas bailarinas)
    5. Bruyères (Urzes)
    6. General Lavine-eccêntric (music-hall de marionetes)
    7. La terrasse des audiences du clair de lune (O terraço das audiências do luar)
    8. Ondine
    9. Hommage à S. Pickwick Esq. P.P.M.P.C. (Homenagem ao Sr. Sam Pickwick – Perpetual President Member of the Pickwick Club)
    10. Canope (Canopus: antigo local egípcio)
    11. Les tierces alternées (Terças alternadas)
    12. Feux d’artifice (Fogos de artifício)


    et surtout pour amuser mon ami Igor Stravinsky, ton ami Claude Debussy, juin 1913
    “e principalmente para distrair meu amigo Igor Stravinsky, teu amigo Claude Debussy, junho 1913”

    06/04/2008 — Domingo, 11h30
    Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
    Av. Morumbi, 4077. Tel.: (11) 3742-0077.
    $ R$ 10. Há meia-entrada para estudantes e idosos.

    ------------------------------------------------

    Juliana D’Agostini

    Faz tempo que não falo das musicistas bonitas (como Anca Gavris, Iris Regev, Natali Calandrin Martins, entre outras), mas vale muito a pena escutar (e ver) o bom recital desta pianista tocando Liszt — Reve d’amour, Um sospiro e Venezia e Napoli — e Chopin — Polonaise op.44, Fantasia-improviso e Noturno op.9 n°1.
    MuBE — Auditório Pedro Piva (192 lugares). Avenida Europa, 218, Jardim Europa, 3081-8611. Domingo (6), 16h. R$ 14,00.