Uma exposição que reúne o melhor do Festival do Minuto, com produções de 80 países, chega ao MASP em 3 de março (abertura) – e fica de 4 a 29 de março. Com quase 17 horas de material, a mostra
1000 Minutos de 80 Países compõe um panorama da produção audiovisual internacional de vídeos curtíssimos e traz ainda, com exclusividade para o MASP, uma seleção de vídeos brasileiros feita pelo curador nacional Marcelo Masagão. Organizada pelo
Festival do Minuto da Holanda, a mostra já passou por Pequim (junho de 2008), Florença (setembro de 2008), Lisboa (novembro de 2008) e Bruxelas (outubro de 2008 a janeiro de 2009); fica no MASP até 29 de março, depois segue para África do Sul e Egito.
A mostra no MASP conta com dois diferenciais daquelas que foram exibidas em outros países. Um deles é a Mostra 60 minutos do Brasil. Exclusiva para o Museu e com sala separada, a seleção é composta de 60 vídeos-minuto e 10 vídeos nanominutos (com até 10 segundos), de realizadores brasileiros que participam do festival desde a primeira edição, em 1991 (Relação de vídeos em anexo – 1), com trabalhos de Kiko Goifman, Fernando Bianchi, André Abujamra, Jarbas Agnelli [e um meu (
d#, de Paulo Vidal de Castro)]. O outro destaque é uma seleção, também feita pelo curador nacional, Marcelo Masagão, de 60 vídeos-minuto para serem projetados do teto para o chão do MASP (Relação de vídeos em anexo – 2).
Os vídeos da exposição internacional, organizada pela equipe do
Festival do Minuto da Holanda, serão exibidos em 30 monitores de TV de 42 polegadas, espalhados pelo 1º e 2º subsolos do museu. “O Festival do Minuto poderia se chamar também Festival da Ideia. Privilegiamos boas ideias independentemente dos equipamentos utilizados”, afirma o criador e cineasta Marcelo Masagão. Segundo ele, o suporte no qual o vídeo foi captado se torna cada vez mais irrelevante, já que o desenvolvimento tecnológico tende a confundir os formatos. "Tem celulares que já captam melhor que o VHS”, diz. A mostra tem direção e produção executiva de Gustavo Steinberg.
Sobre o Festival do MinutoO Festival do Minuto foi criado no Brasil, em 1991, e é hoje o maior festival de vídeo da América Latina, tendo inspirado festivais semelhantes em mais de 40 países. Na Holanda existe desde 1993, vinculado ao Sandberg Institute, importante escola de arte localizada em Amsterdam. A partir do evento brasileiro surgiram Festivais do Minuto em mais de 50 países, cada um com dinâmica e formato próprios. No Canadá, por exemplo, os realizadores se encontram mensalmente em um galpão, levando no bolso os vídeos produzidos, que são exibidos e premiados na mesma noite.
A partir do final de 2007, o Festival do Minuto brasileiro tornou-se permanente e online: passou a receber e exibir vídeos diretamente pela internet. Mensalmente, novos temas são lançados e os melhores vídeos recebem prêmios em dinheiro.
Quem faz o Festival do MinutoMarcelo Masagão: Criador e curador, é cineasta, tendo realizado, entre outros, os filmes
Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos (1999),
1,99 – Um Supermercado que Vende Palavras (2004),
O zero não é vazio (2005) e
Otávio e as Letras (2007).
Gustavo Steinberg: Diretor e produtor executivo. Mestre em Ciências Políticas (PUC-SP) e em Comunicação (London School of Economics), é autor de dois livros e produziu cinco filmes longa-metragem. Sua estréia na direção de longas aconteceu em 2008, com Fim da Linha.
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O vídeo d# tem como tema a mínima diferença entre um homem e uma mulher, tela branca e tela preta, imagem e não-imagem, som e silencio, etc. Talvez o mais radical de meus trabalhos. Elementos presentes nos outros vídeos – silêncios, telas repartidas polifonicamente, textos, telas vazias (pretas & brancas) – atingem autonomia em um universo autônomo. Nenhuma imagem (fixa, em movimento ou metamorfose) aparece durante mais que frações de segundo, no limite da percepção consciente. Cada aparição de palavra dura 1/16 de segundo. Esta é a menor unidade de tempo sobre a qual a estrutura do todo é montada através de operações matemáticas que orientam sons e imagens – proporção áurea (Fibonacci na proporção temporal), séries, quadrado mágico de dominós regulando aspectos da estrutura, etc. Metade do tempo é composto de não imagens – ¼ pretas, ¼ brancas. É a primeira vez que componho toda a trilha sonora. Um vídeo sensorial, para os olhos e ouvidos.
*nota sobre o vazio:
uma cadeira
começa
onde
termina
uma cadeira
dois corpos
só
são
dois
corpos
pelo
vazio
que
os
separa
um corpo só É pelo espaço vazio que o delimita
só lemos um texto num papel pelo branco que cerca e preenche os pretos das letras
o som – por ser uma onda – só existe pelo silêncio
todo som é ½ som ½ silêncio
todo som é permeado de silêncio
o cinema só é possível pelo obturador da câmera cinematográfica – que se fecha entre um quadro e outro e impede a entrada da luz
toda escultura é construída pelo vazio
de um bloco maciço de mármore, subtrai-se – acrescentando vazio – e faz-se um homem
o vídeo não possui silêncio – a imagem é “escrita” por linha de varredura.
tento sempre recuperar a não imagem silêncio do vídeo