“O
mecânico Zoroastro da Peretola me contou que
Leonardo, desde os seus tempos de rapaz, não come carne, afirmando que chegará o dia em que todos os homens, como êle, só comerão vegetais, pois considerarão matar os animais um ato tão criminoso como matar gente.
Certa vez, ao passar diante de um, açougue, no Mercado Nuovo, apontou, desgostoso, as carcaças das vitelas, carneiros, bois e suínos, e disse-me:
--- Sim, não há dúvida, o homem é o rei dos animais, ou, para dizê-lo de outra maneira, é o rei das feras, pois sua ferocidade é, positivamente, das maiores.
E, após breve silêncio, acrescentou, com tristeza:
--- Criamos a nossa vida da morte dos outros sêres!”
| Mas, como Henri Bergson (e Walter Benjamin que o cita), a morte agora rebate no homem, este morre e a natureza continua. Tudo é uma só coisa, onde o passado sempre vai se acumulando no presente e no futuro.
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Mas todos consomem as mesmas coisas, comem as mesmas coisas, continuam a mesma “sociedade”, compram as mesmas coisas, das mesmas empresas, criam lixos, andam de automóveis, etc, &c, ..., ...., derrubam árvores da rua, vendem e queimam árvores da floresta, queimam, ..., ..., tiram jardins, etc, &c
MEREJKOWSKI, Dmitri. O Romance de Leonardo da Vinci, A Ressurreição dos Deuses / Dmitri Merejkowski; tradução de Breno Silveira. Título da edição norte Americana: The Romance of Leonardo da Vinci, 19oo. 2a edição; 1a impressão. 1a edição: 12/1945. Pôrto Alegre: Editôra Globo, 1960.
BERGSON, Henri. A Evolução Criadora / L'Évolution Céatrice. Henri Bergson. Prefácios de Kjell Strömberg; Hallström; vida e obra de Bergson por Jean Guitton; tradução de Adolfo Casais Monteiro; adaptação e supervisão de Paulo Rónai; ilustrações de Kischka; retrato do autor e ornatos tipográficos de Michel Cauvet. Rio de Janeiro: Editora Delta, 1964.