• tacet: 01/2009

    27.1.09

    Unidos sumidos

    É terrível quando morre algum(a) querido(a).
    É ruim quando morre alguém de grande referência – como já morreram quase todas do séc.XX.
    Mas também acho terrível quando morre (ou desaparece) alguém que você já tenha tido algum tipo de relação.
    Exemplos:
    1)

    a melhor pizzaria de São Paulo – “Giovanni, o Italiano” – do grande e tradicional (como toda boa pizza deve ser) Giovanni Tarallo, que infelizmente faleceu. (e o filho dele queria que a pizzaria fosse igual à Veridiana, para você ver...) Provavelmente a melhor pizza Marguerita e a melhor pastiera de grano (feita por sua filha Caterina) que já existiram. Ao menos tenho em casa um belíssimo jogo de talheres de prata que ele deu aos meus pais quando eles se casaram;

    2) o pianista que tocava um piano muito velho (teclas caindo aos pedaços) no restaurante Vico d'o Scunizzo – (restaurante mil (10 mil) vezes menos interessante que o Giovanni, mesmo tendo pastiera e tudo) –. Eu adorava ver aquele pianista (acompanhado de seu baixista), tanto lá – onde trocávamos olhares –, assim como quando nos encontrávamos no centro – entre o Theatro Municipal e a biblioteca Mário de Andrade. Ele morreu, se não me engano, no ano passado;

    3)Marta, mulher que ficava sentada nas calçadas, com vestidos bem coloridos (costurados por ela), cabelo pintado de loiro (com o apelido – que ela odeia – de Xuxa) e vários guarda-chuvas abertos. Escutava um rádio antigo e escrevia textos (ou xingamentos sem sentido) sem pé nem cabeça com um preconceito total contra todas as pessoas, crédulos e raças (e com muita pornografia até) que ela amarrava nas paredes e postes. Eu a via pelo menos uma vez por dia. Os locais mais comuns eram no começo da Higienópolis e ruas próximas, mas já a encontrei até na frente da Igreja São Bento como na Alameda Santos. Na terrível Revista de Higienópolis e região, apareceu uma foto de seus textos colados, se perguntando quem poderia ser. Ora, era impossível andar pela Higienópolis sem vê-la. E ela ficava também nas pequenas ruas de Santa Cecília escrevendo os seus textos. Eu tirei uma má foto dela a distância, mas ela pode ser vista no filme O zero não é vazio, de Marcelo Masagão. Infelizmente, faz mais ou menos 3 meses, ela (e seus textos) desapareceram. Eu, faz alguns anos, coleciono estes textos. A péssima revista bairrista disse que não sabe quem ela é (repórteres que nunca andaram na rua), mas na maioria dos textos tinha estes dados:
    Marthia Pasquali RG. 7.896.631.0;
    4)o maluco que se vestia de policial e orientava os carros na Rua Marquês de Itu na frente da Praça da República. (*antes da C.E.T., e mesmo no seu início, os policias também faziam o trabalho de marronzinhos – é provável que ele fizesse isso nesta época) Ele também desapareceu faz alguns anos (talvez tenha se aposentado do seu emprego já aposentado).

    5) No último dia do ano passado (31/12/2008), morreu o grande Tide Hellmeister. Eu (e a Thais) fomos apenas uma vez ao seu ateliê (em Perdizes), indicados pelo Haron Cohen. Grande pena.