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    25.1.23

    Pensar nos meios de transporte, no lixo gerado, nas formas de fabricação dos objetos, na alimentação,...

     

    Merecemos ainda continuar sobre a Terra? Por Leonardo Boff
    Publicado por
    Diario do Centro do Mundo
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    Atualizado em 22 de janeiro de 2023 às 15:03
    A cultura do capital nos fez individualistas, consumidores e nunca próximos e cidadãos com direitos

    Reparando a situação da humanidade, da Terra viva, de seus ecossitemas, das relações entre as nações se guerreando militar ou economicamente, na África tribos se matando, cortando braços ou pernas, uma superpotência como a Rússia massacrando todo um povo parente, florestas sendo devastadas como na Amazônia e no Congo… Quando acompanho os relatórios científicos de climatólogos dizendo que já passamos o ponto crítico do aquecimento e que não haverá mais retorno e que nem a ciência a tecnologia não nos poderão mais salvar, apenas nos prevenir e finalmente dizem radicalizamos o anntropoceno (o ser humano é a grande ameaça à vida, estamos na sexta extinção de vidas), passamos pelo necroceno (morte em massa de organismos vivos) e chegamos agora ao piroceno (a era do fogo na Terra), talvez a fase mais perigosa para a nossa sobrevivência.

    Os solos perderam sua umidade, as pedras se superaqueceram e folhas secas e gravetos começam a deslanchar incêndios pavorosos como ocorreu em 2022 em toda a Europa, até na úmida Sibéria, na Austrália, na Califórnia e especialmente na Amazônia. E mais ainda, quando vejo que os chefes de Estado e os dirigentes das grandes empresas (CEOs) ocultam tais dados ou não lhes dão importância para não prejudicar os negócios, estão cavando a sua própria sepultura.

    Pior ainda quando a OXFAM e outros organismos nos mostram que apenas 1% da população mundial controla praticamente todo o fluxo das finanças e que possuem mais riqueza que mais da metade da população mundial (4,7 bilhões) e que no Brasil, segundo a revista Forbes, 318 bilionários possuem grande parte da riqueza em fábricas, terras, investimentos, em holdings, em bancos etc. num país no qual 33 milhões passam fome e 110 milhões se encontram em insuficiência alimentar (comem hoje e não sabem o que comerão amanhã ou depois) e milhões de desempregados ou na pura informalidade, nos vem logo a irrefreável interrogação: nós humanos, somos ainda humanos, ou vivemos na pré-história de nós mesmos, sem termos nos descoberto como co-iguais, habitantes na mesma Casa Comum.

    Com todas estas desgraças das quais ele, em grande parte, se fez responsável, merece ainda viver sobre este planeta? Ou a Terra mesma, possui sua estratégia interna, como o coronavírus revelou: quando uma espécie ameaça demasiadamente todas as outras, ela dá um jeito de diminuir o seu furor ou mesmo eliminá-la para que as outras possam continuar a se desenvolver sobre o solo terrestre.

    É nesse contexto que lembro a frase de um dos maiores brasileiros de nossa história, o Betinho que muitas vezes em conferências dizia: o problema maior não é econômico, não é político, não é ideológico, não é religioso. O problema maior é a falta de sensibilidade do ser humano com para com seu semelhante que está a seu lado. Perdemos a capacidade de termos com-paixão para com quem sofre, de estender a mão a quem pede um pedaço de pão ou um lugar para dormir em época de chuva torrencial.

    A cultura do capital nos fez individualistas, consumidores e nunca próximos e cidadãos com direitos, muito menos nos concede sentir que somos irmãos e irmãs de fato por termos os mesmos componentes físico-químicos iguais em todos os seres vivos, também nos humanos.

    Houve alguém que há mais de dois mil anos passou entre nós nos ensinando a viver o amor, a solidariedade, a compaixão, o respeito e a reverência face à Suprema Realidade, feita de misericórdia e perdão, e, por causa destas verdades radicalmente humanas foi considerado um inimigo das tradições religiosas, um subversivo da ordem ética do tempo e acabou assassinado e levantado no alto da cruz, fora da cidade que era símbolo de maldição e do abandono de Deus. Ele suportou tudo isso em solidariedade para com seus irmãos e irmãs.

    Até hoje sua mensagem permanece, embora, em grande parte foi traída ou espiritualizada para desvitalizar seu caráter transformador e manter o mundo assim como está com seus poderes e infernais desigualdades. Mas outros, poucos, seguiram e seguem seus exemplos, sua prática e seu amor incondicional. Muitos desses por causa disso conhecem o mesmo destino dele: a calúnia, o desprezo e a eliminação física. Mas é por causa desses poucos, creio eu, que Deus ainda se segura e não nos faz desaparecer.

    Mesmo com essa crença, diante deste quadro sombrio me vem à mente as palavras do livro do Gênesis: “O Senhor viu o quanto havia crescido a maldade dos seres humanos na terra e como todos os projetos de seus corações tendiam unicamente para o mal. Então o Senhor se arrependeu de ter criado os seres humanos na terra e ficou com o coração magoado. Então o Senhor disse: vou exterminar da face da terra o ser humano que criei e com ele os animais, os répteis e até as aves do céu, pois estou arrependido de tê-los feito” (Gn 6,5-7).

    Estas palavras, escritas há mais de 3-4 mil anos atrás, parecem descrever a nossa realidade. Colocados no jardim do Éden (a Terra viva) para guardá-lo e cuidá-lo, o ser humano se fez sua maior ameaça. Não bastava ser homicida como Caim, nem etnocida com a exterminação de povos inteiros nas Américas e na África. Fez-se ecocida, devastando e desertificando inteiros ecossistemas. E agora irrompe como biocidas, pondo em risco a vida da biosfera e da própria vida humana.

    Aqui cabe citar os relatórios científicos de uma grande jornalista norte-americana Elzabeth Kolbert. Após escrever o premiado livro A sexta extinção em massa: uma história não natural, acaba de publicar O céu branco: a natureza do futuro (ambos pela Intrínseca). Nele descreve as tentativas desesperadas dos cientistas para evitar o desastre total como efeito do aquecimento global, pois cresce dia a dia; só em 2021 foram lançadas na atmosfera 40 bilhões de toneladas de CO2. Estes cientistas propõem com a geoengenharia bloquear em grande parte o sol para que deixe de aquecer o planeta. O céu ficará branco. Quais seriam tais consequências, especialmente para a biosfera, para a fotosíntese e de tudo o que depende do sol? Por isso essa tecnologia é questionada. Criaria amais problemas do que aquele que quer solucionar.

    Termino com a observação de um dos maiores naturalistas Théodore Jacob que escreveu um livro inteiro exatamente com esse título: E se a aventura humana vier a falhar. A base de sua suposição é a terrificante capacidade destrutiva dos seres humanos, pois “eles são capazes de uma conduta insensata e demente; pode-se a partir de agora temer tudo, tudo mesmo, inclusive a aniquilação da raça humana”.

    Sou um pessimista esperançado. Pessimista face à realidade perversa sob a qual vivemos e sofremos. Esperançado porque creio que o ser humano pode mudar a partir de uma nova consciência e no Criador que desta crise e eventualmente de uma ruína pode construir ou tipo de seres humanos, mais fraternos entre si e respeitosos da Casa Comum.

    *Leonardo Boff é filósofo, eco-teólogo, expoente da teologia da libertação no Brasil e conhecido internacionalmente por sua defesa dos direitos dos pobres e excluídos. Autor, entre outros livros, de Habitar a Terra, Saber Cuidar (Vozes), etc.

    Publicado originalmente no site A Terra é Redonda.

     
    Estudo aponta que núcleo da Terra 'freou' e pode afetar duração dos dias, nível do mar e temperatura global; entenda
    'Paralisação' do núcleo interno da Terra pode gerar uma pequena diminuição na duração de um dia. Sismólogos Yang e Song, da Universidade de Pequim, ficaram surpresos com resultados da pesquisa.

    Por g1
    23/01/2023 19h10
    O núcleo da Terra parou de girar mais rápido do que o próprio planeta. É o que aponta um estudo feito a partir de dados de terremotos, realizado por Yi Yang e Xiaodong Song, sismólogos da Universidade de Pequim. O artigo científico foi publicado pela revista "Nature Geoscience", e o resultado foi uma surpresa para os próprios autores. A dupla de pesquisadores estuda o fenômeno desde 1995.

        “Ficamos bastante surpresos”, afirmaram Yang e Song na Nature.

        A 'paralisação' do núcleo interno da Terra pode afetar a forma como o nosso planeta 'funciona'.
        O artigo publicado na Nature explica que, na verdade, o núcleo costumava girar mais rápido do que a Terra em si e, em algum momento das últimas décadas (possivelmente em 2009), teria passado a acompanhar o movimento natural do planeta.
        A descoberta implicaria em mudanças nos campos gravitacionais e magnéticos da Terra e poderia ter consequências geofísicas mais amplas, como a alteração na duração de um dia completo em algumas frações de segundo.
        Isso porque a duração de um dia está diretamente ligada ao movimento de rotação da Terra em torno do próprio eixo (que dura 23 horas, 56 minutos, 4 segundos e 0,9 décimo de segundo).
        E, caso confirmada, a mudança na forma como o núcleo gira poderia estar impactando no movimento de rotação em si e, consequentemente, na duração de um dia.
        Outras possíveis alterações seriam em relação ao nível do mar e à temperatura da Terra.

    Em entrevista ao jornal espanhol "El País", Song, um dos autores do estudo, explica: “Nos últimos anos, os dias estão ficando mais curtos e pode ser que haja relação com esta mudança [na forma como o núcleo gira]".

    "A alteração na rotação também pode modificar o campo gravitacional como um todo e causar deformações na superfície, o que alteraria também o nível do mar e, por sua vez, a temperatura global do planeta", continua.

    De qualquer forma, os potenciais impactos precisam de mais tempo para serem devidamente avaliados. “Só temos que esperar”, ponderou John Vidale, sismólogo da Universidade da Carolina do Sul, em entrevista à Nature.

    De acordo com a publicação, os resultados da pesquisa podem ajudar ainda a desvendar alguns mistérios, como o papel que o núcleo interno desempenha na manutenção do campo magnético do planeta.

    O núcleo do planeta é uma "esfera" de ferro que fica a 5.000 quilômetros de profundidade e tem cerca de 7.000 quilômetros de largura.

    Ele é composto por duas camadas: o núcleo interno, que é um centro sólido feito principalmente de ferro; e o núcleo externo, que é uma "casca" composta por ferro líquido e outros elementos.

    O núcleo externo separa o núcleo interno, de 2.400 quilômetros de largura, do restante do planeta. Era este isolamento que permitia que o núcleo interno pudesse rodar em um ritmo próprio.
    Um Só Planeta
     

    Mudanças climáticas estão alterando eixo de rotação da Terra; entenda
    Fenômeno que desvia a orientação de giro do nosso planeta é observado desde a década de 1990 e está relacionado ao derretimento de geleiras, segundo pesquisa

        Redação Galileu

    26 Abr 2021 - 13h32 Atualizado em 30 Abr 2021 - 12h20

    A crise climática altera o modo como o mundo gira, literalmente. O eixo de rotação terrestre está se movendo de lugar conforme o aquecimento global derrete geleiras nos polos Norte e Sul do nosso planeta. Esse mecanismo preocupante é apontado em novo estudo, publicado na revista acadêmica Geophysical Research Letters em março.

    Os autores do artigo, vinculados à Academia Chinesa de Ciências (CAS) e à Universidade Técnica da Dinamarca (DTU), dizem que o eixo da Terra tem mudado desde a década de 1990, em um fenômeno que é chamado de deriva polar. Ele ocorre quando os polos magnéticos vagam pela superfície do planeta.

    A causa por trás disso é nebulosa, mas estudos anteriores já haviam apontado que o Polo Norte está se movendo para longe do Canadá e em direção à Rússia de modo natural, devido ao ferro derretido no núcleo do nosso planeta. Todavia, os cientistas mostraram agora que as mudanças climáticas causadas pela humanidade também contribuem para deslocar o eixo terrestre.

    Acontece que a forma como a água é distribuída na superfície da Terra contribui para a deriva polar, dando mais velocidade ao processo. Conforme as geleiras derretem, o líquido subterrâneo armazenado em nossos continentes altera a direção do vagar dos polos, mudando o eixo de rotatória terrestre um pouco para o leste.

    Para entenderem esse mecanismo, os pesquisadores usaram dados da missão espacial Gravity Recovery and Climate Experiment (GRACE), da Nasa e do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), que enviou em 2002 dois satélites em órbita com a Terra para a obtenção de medidas precisas do campo gravitacional do planeta.

    Além disso, os especialistas usaram informações sobre geleiras e calcularam a perda total de água do solo na década de 1990, antes do início da missão GRACE. Eles viram que, em 1995, a direção da deriva polar começou a mudar de sul para leste.

    Já de 1995 a 2020, a velocidade do fenômeno aumentou em cerca de 17 vezes, quando comparada à do período de 1981 a 1995. "As descobertas oferecem uma pista para estudar o movimento polar impulsionado pelo clima no passado", conta Suxia Liu, pesquisadora da CAS e coautora do estudo, em comunicado.


    Embora o grau de mudança do eixo da Terra não possa ser sentido por nós a ponto de afetar nossa vida diária, a pesquisa sugere que as mudanças climáticas podem ter repercussões sérias nos recursos naturais, inclusive no ciclo da água.Liu indica que as implicações do estudo afetam a nossa compreensão sobre o armazenamento hídrico ainda no século 20. Como os cientistas coletaram 176 anos de dados sobre a deriva polar, eles esperam usá-los para estimar quanto de água foi perdida nos últimos anos devido às alterações climáticas.

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